“Signalgate”: conselheiro de segurança de Trump deve deixar o cargo

Michael Waltz, conselheiro de Segurança Nacional do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve deixar a função nas próximas semanas. A informação foi divulgada pela emissora norte-americana CBS News, nesta quinta-feira (1º/5), com base em fontes anônimas próximas ao governo. O vice-conselheiro Alex Wong também deve sair do cargo.

A possível substituição de Waltz ocorre em meio à repercussão do chamado “Signalgate”, um escândalo envolvendo vazamento de informações sensíveis por meio de um grupo de mensagens no aplicativo Signal.

Em março, Waltz acidentalmente incluiu o editor da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, em uma conversa que tratava de temas estratégicos e confidenciais de segurança nacional. O grupo contava com membros do alto escalão do governo, entre eles o vice-presidente JD Vance e o secretário de Defesa, Pete Hegseth.


O que havia nas mensagens

  • O texto de Goldberg relata críticas do vice-presidente, JD Vance, e do secretário de Defesa, Pete Hegseth, contra potências europeias aliadas dos EUA. “Eu apenas odeio salvar a Europa de novo”, escreveu Vance. “”Eu compartilho totalmente do seu desprezo pelos aproveitadores europeus. É patético”, concorda Hegseth, em resposta.
  • Em outra mensagem, durante um debate sobre um possível adiamento da operação militar no Iêmen, Hegseth escreveu: “Acho que a mensagem vai ser difícil de qualquer maneira — ninguém sabe quem são os Houthis — e é por isso que precisamos nos concentrar em: 1) Biden falhou e 2)O Irã financiou”, argumenta o secretário de Defesa dos EUA.
  • “De acordo com o longo texto de Hegseth, as primeiras detonações no Iêmen seriam sentidas duas horas depois, às 13h45, horário do leste. Então, esperei no meu carro no estacionamento de um supermercado. Se esse bate-papo do Signal fosse real, pensei, os alvos Houthi logo seriam bombardeados. Por volta das 13h55, marquei X e procurei Iêmen. Explosões estavam sendo ouvidas em Sanaa, a capital”, escreveu o jornalista.

Segundo Goldberg, ele teve acesso a detalhes de uma operação militar dos Estados Unidos no Iêmen, incluindo alvos e cronograma, poucas horas antes dos ataques acontecerem. O jornalista publicou reportagem com as informações em 24 de março, onde revelava o erro de Waltz.

Embora Waltz e outros envolvidos tenham negado o vazamento de planos confidenciais, a exposição causou forte repercussão. À emissora Fox News, Waltz declarou não saber como Goldberg foi adicionado ao grupo, mas assumiu a responsabilidade. “Fui eu quem criou o grupo, então assumo total responsabilidade”, disse.

Trump recuou da demissão

Apesar de inicialmente ter mantido apoio público a Waltz, Trump considerou demiti-lo logo após o incidente, mas teria recuado para evitar a imagem de instabilidade no início de seu segundo mandato. No entanto, com o avanço da crise e a pressão interna no governo, assessores passaram a discutir, nos bastidores, a saída do conselheiro.

De acordo com a CNN Internacional, o presidente “perdeu a confiança” em Waltz, sentimento agravado por outros fatores, como o desempenho abaixo do esperado de um aliado de Trump na eleição para o Congresso da Flórida, onde Waltz atuava.

A Casa Branca não confirmou oficialmente a mudança e, por meio da porta-voz Karoline Leavitt, afirmou que “não responderá a reportagens com base em fontes anônimas”.

 

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Quem é Michael Waltz

Michael Waltz foi um dos primeiros indicados por Trump após sua reeleição. Ex-congressista pela Flórida, ele atuou em comissões de Inteligência, Serviços Armados e Relações Exteriores, além de ter servido por 27 anos como oficial do Exército e da Guarda Nacional dos EUA, aposentando-se como coronel.

Caso a saída se confirme, Waltz será o primeiro alto funcionário a deixar o governo neste novo mandato de Trump.

O nome de Steve Witkoff, empresário e aliado do presidente, é cotado como possível substituto. Witkoff já atuou como enviado da Casa Branca em negociações internacionais, incluindo tratativas sobre o programa nuclear iraniano e acordos com a Ucrânia.

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