Trocar a carne vermelha por frango sempre foi considerado um hábito mais saudável — e, de fato, continua sendo em muitos casos. No entanto, um estudo publicado em 2024 na revista científica Nutrients observou que pessoas que consumiam mais de 300 gramas semanais de carne branca apresentaram um risco maior de mortalidade por todas as causas, incluindo cânceres gastrointestinais.
A coluna Claudia Meireles conversou com o nutrólogo Vinícius Aguillera para entender melhor os dados do estudo e quais cuidados são importantes na hora de consumir esse tipo de proteína, presente com frequência na mesa dos brasileiros.
Entenda
- O estudo foi publicado em 2024 na revista científica Nutrients.
- Durante 18 anos, foram acompanhadas 4.869 pessoas no sul da Itália.
- O consumo de carne foi dividido entre carnes vermelhas e brancas (como frango e aves).
- Pessoas que consumiam mais de 300g de carne branca por semana apresentaram 27% mais risco de mortalidade geral em comparação com aquelas que consumiam menos de 100g.
- O risco de morte por câncer gastrointestinal mais do que dobrou entre os que comiam grandes quantidades de carne branca.
- Os dados foram baseados em dietas autorrelatadas e não incluíram variáveis como método de preparo, tipo de frango (orgânico ou processado) e nível de atividade física.
Especialista analisa
De acordo com o nutrólogo Vinícius Aguillera, é importante não interpretar o estudo como uma condenação ao consumo de frango, mas sim como um alerta sobre a forma como a carne chega ao prato do consumidor.
“A carne de aves pode ser prejudicial pela modificação do processo industrial que adiciona sódio, gordura saturada, açúcar e conservantes, além da alimentação dessas aves e também o estímulo hormonal para o crescimento”, afirma o especialista.

Segundo Aguillera, o aumento do consumo de carne branca está relacionado à melhor digestibilidade, menor teor de gordura e custo mais acessível em comparação com a carne vermelha. No entanto, a qualidade da proteína pode variar muito de acordo com sua origem e preparo.
“O estudo não compara quais foram os métodos de processamento industrial, cozimento e armazenamento da carne, fatores que influenciam significativamente no resultado final para cada indivíduo”, ressalta.
Cuidados
Para quem não abre mão do frango na dieta, Aguillera lista algumas recomendações que podem tornar o consumo mais seguro:
- Origem da carne: prefira opções orgânicas ou de procedência confiável, como frangos criados sem hormônios e antibióticos.
- Forma de preparo: evite métodos de cozimento em temperaturas muito altas ou prolongadas, como grelhar até formar crostas escuras. “Essas camadas pretas, conhecidas como acrilamidas, contêm substâncias potencialmente cancerígenas”, explica.
- Quantidade e variedade: evite o consumo excessivo e inclua outras fontes de proteína na rotina, como peixes, ovos e leguminosas.
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