Senado também começa a debater redução da jornada de trabalho

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal realiza, na manhã desta segunda-feira (5/5), uma audiência pública para discutir a redução da jornada de trabalho no Brasil. O debate sobre o tema ganhou tração desde o forte apoio popular conquistado pela proposta da deputada federal Erika Hilton (PSol-SP), e ganhou também o aval do Palácio do Planalto para prosseguir.

A audiência desta segunda, proposta por Paulo Paim (PT-RS), mostra que os senadores também começaram a se engajar na discussão, iniciada na Câmara dos Deputados. Esta será a primeira atividade de um ciclo de debates na CDH sobre as mudanças nas relações trabalhistas e os impactos de novas tecnologias no mundo do trabalho.

Na última semana, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), no feriado de 1º de maio, dia do Trabalhador, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz de 44 para 36 horas a escala semanal de trabalho no país. Na prática, a ideia é adotar uma jornada com quatro dias trabalhados por semana, com limite de oito horas por dia.

“A jornada de 36 horas, em um cenário de salários deprimidos, não é uma garantia de descanso ao trabalhador, visto que a pressão de um segundo emprego continuará a pairar sobre a sua existência. Porém é mais um instrumento na busca dessa utopia e também ajudará as empresas a entenderem que o trabalho não pode ser alavanca somente de lucros, precisa articular-se à dimensão da felicidade”, argumenta a senadora, na justificativa da PEC apresentada.

Proposta semelhante tramita na Câmara

No fim de fevereiro, Erika Hilton protocolou na Câmara uma PEC que prevê o fim da chamada escala de trabalho 6×1, em que se folga apenas um dia da semana e se trabalham seis.

O texto conquistou o apoio do governo federal, e precisa ser pautado na Comissão de Constituição e Justiça da Casa para começar a tramitar.

A análise feita pela CCJ abarca apenas a admissibilidade da proposta, retirando trechos que possam ser inconstitucionais. Após a aprovação da PEC na CCJ, o presidente da Câmara precisa autorizar a criação de uma comissão especial para analisar o tema.

As lideranças partidárias indicam os participantes da comissão especial, que analisa o mérito da proposta: ou seja, o conteúdo do texto. Aprovada nesta instância, precisa ser pautada no plenário da Câmara e aprovada por ao menos 308 deputados (três quintos do total) em dois turnos de votação. Depois disso, segue para apreciação do Senado.

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Além da PEC de Hilton, há uma proposta na CCJ do deputado Reginaldo Lopes com o mesmo tema
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Igo Estrela/Metrópoles
@igoestrela

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Além da PEC de Hilton, há uma proposta na CCJ do deputado Reginaldo Lopes com o mesmo tema

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Lula apoia mudanças

Em pronunciamento na cadeia obrigatória de rádio e televisão para celebrar o Dia do Trabalhador, transmitido na última quarta (30/4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou ações do governo para geração de empregos e pontuou a necessidade de mudança na jornada de trabalho.

“Nós vamos aprofundar o debate sobre a redução da jornada de trabalho vigente no país, em que o trabalhador e a trabalhadora passam seis dias no serviço e têm apenas um dia de descanso. A chamada jornada 6 por 1.Está na hora do Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras”, defendeu o petista.

A ministra das Relações Institucionais Gleisi Hoffmann usou as redes sociais, neste domingo (4/5), para destacar que o fim da escala 6×1 será uma das prioridades do governo no Congresso Nacional.

“Queremos ouvir a todos(as)! Com diálogo e decisão política, é possível avançar sim. Mais empregos, desenvolvimento e mais justiça para os trabalhadores(as) é o que precisamos promover”, pontuou Gleisi.

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