Um estudo envolvendo diversas universidades internacionais, publicado na revista científica Nature na última quarta-feira (30), analisou o cérebro de centenas de pessoas em busca de respostas para o mistério da consciência humana — onde, no cérebro, ela se origina? Os resultados intrigaram os cientistas, já que não estão de acordo com nenhuma das duas principais teorias sobre o tema.
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A análise envolveu neurocientistas e 256 pessoas, que participaram em 12 laboratórios diferentes nos Estados Unidos, Europa e China. Enquanto observavam uma série de imagens, os cérebros dos voluntários tiveram seus sinais elétricos, atividade magnética e fluxo sanguíneo monitorados, mostrando quais partes do órgão seriam ativadas durante os testes.
De onde vem a consciência?
Há duas teorias principais sobre a origem da consciência. Uma delas é a Teoria do Espaço de Trabalho Neural Global, que propõe o surgimento da atividade consciente na parte da frente do cérebro, onde fica o córtex pré-frontal, responsável por processos cognitivos importantes, como planejamento, tomada de decisões, personalidade e moderação do comportamento social.
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A outra é a Teoria da Informação Integrada, que diz que a consciência vem da interação e cooperação entre várias partes do cérebro, um trabalho conjunto para integrar as informações que experimentamos. Os resultados da pesquisa, no entanto, mostraram que os sinais deixados pela atividade consciente — o fato de perceber estar vendo a foto de uma pessoa ou de um objeto — estão na parte posterior do cérebro, ou atrás, onde são processadas a visão e audição.
A experiência consciente não mostrou sinais no córtex frontal ou sinais muito mais fracos do que no posterior. Isso está de acordo, segundo os pesquisadores, com a ideia de que os lobos frontais são críticos à inteligência, raciocínio e julgamento, mas não estão envolvidos criticamente na visão ou na percepção visual consciente.
Não foram vistas, também, conexões cerebrais mais longas do que os próprios sinais da consciência no fundo do cérebro, o que vai contra as afirmações da Teoria da Informação Integrada. Além de satisfazer curiosidades científicas, a descoberta tem usos práticos mais diretos. Pacientes em estado vegetativo (ou com síndrome da vigília sem resposta) podem, agora, ser monitorados em busca desses sinais que sabemos indicar a consciência.
Estima-se que cerca de ¼ dos pacientes cujo suporte de vida é desligado quando estão em coma ou vegetativos ainda estão conscientes, ou com “consciência oculta”, e apenas não conseguem se comunicar. Sabendo do seu verdadeiro estado de consciência, decisões mais acertadas poderão ser tomadas por familiares ou médicos.
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