Estudo sugere que vacina contra herpes-zóster pode proteger contra a demência

Um estudo realizado na Austrália descobriu que a vacina contra a herpes-zóster pode reduzir as chances demência em anos posteriores. Publicada na revista científica JAMA no último dia 23 de abril, a pesquisa também também reforça a hipótese viral da doença de Alzheimer, onde se diz que as infecções virais contribuem para o surgimento da condição, forma mais comum de demência.

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A teoria aponta para culpados na família dos herpesvírus, que inclui o vírus varicela-zóster, causador da catapora e da herpes. No caso da catapora, o vírus fica dormente no sistema nervoso humano por décadas após a infecção. Ao ressurgir, ele causa a herpes-zóster, caracterizada por erupções cutâneas. A vacina ajuda a aumentar a imunidade e impedir a reativação do vírus, e, segundo alguns estudos, pode ajudar contra a demência.

Um estudo clínico diferente

Pesquisas anteriores haviam mostrado níveis menores de demência em populações vacinadas contra a herpes-zóster, mas havia um problema: quem se vacina costuma ser mais saudável, comer bem e se exercitar, comportamentos que também ajudam a prevenir a doença. O ideal seria fazer um estudo clínico grande, dando placebos a parte de grupo e a vacina a outro. Isso, além de caro, traz problemas éticos, já que nega medicação a uma população. 


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Pesquisas já mostraram uma relação positiva entre a vacina contra herpes-zóster e prevenção de demência, mas só agora foi possível um acompanhamento populacional grande (Imagem: Eduardo Barrios/Unsplash)
Pesquisas já mostraram uma relação positiva entre a vacina contra herpes-zóster e prevenção de demência, mas só agora foi possível um acompanhamento populacional grande (Imagem: Eduardo Barrios/Unsplash)

Pesquisadores da Universidade de Stanford, então, resolveram abordar a questão com uma ideia inovadora. Eles realizaram um programa de vacinação gratuita na Austrália, em 2016, oferecendo-a para adultos entre os 70 e 79 anos. Para quem fazia 80 anos pouco antes do início do programa, a vacina não pôde ser aplicada, enquanto os que fizeram 80 logo depois puderam recebê-la. Isso deu grupos vacinados e não vacinados para acompanhamento, totalizando 101.200 pessoas.

Os australianos foram acompanhados por 7,4 anos, mostrando que os vacinados contra herpes-zóster tiveram uma porcentagem 1,8% menor de demência do que os não vacinados: 3,7% do primeiro grupo teve a doença, contra 5,5% do segundo.

Outras doenças crônicas não mostraram aumento entre os grupos, e eles também não divergiram no uso de serviços preventivos de saúde, reforçando os resultados. Um estudo semelhante feito no País de Gales, pelo mesmo grupo, teve resultados igualmente positivos, com uma taxa de demência 20% menor nos vacinados do local.

No Brasil, o Ministério da Saúde estuda incluir a vacina contra a herpes-zóster no Sistema Único de Saúde (SUS).

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