Apesar de a produção industrial ter registrado o seu melhor desempenho para o mês de março em 7 anos, desde 2018, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou uma dura nota em que mantém sua projeção de desaceleração do setor neste ano e volta a criticar os juros altos praticados pelo Banco Central (BC).
Segundo dados divulgados mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria nacional teve uma expansão de 1,2% em março, na comparação com fevereiro.
Já na comparação com março do ano passado, a alta da produção industrial foi de 3,1% – foi a 10ª taxa positiva consecutiva e a maior desde outubro de 2024.
No acumulado do ano, segundo o IBGE, a indústria registra alta de 1,9%. No período de 12 meses até março, o crescimento é de 3,1%.
O resultado de março foi o melhor para o mês desde 2018, quando o avanço ficou em 1,4%.
O que diz a Fiesp
Após a divulgação dos dados pelo IBGE, a Fiesp divulgou nota em que analisou o resultado do setor em março.
A entidade afirmou que, “a despeito da surpresa positiva em março, no 1º trimestre de 2025, a indústria geral continuou apresentando baixo dinamismo, movimento já observado nos últimos meses de 2024”.
“O cenário externo mais adverso corresponde a um desafio adicional para a atividade industrial e, em especial, para setores que eventualmente sejam diretamente afetados pelas tarifas”, pondera a Fiesp.
“Além do possível impacto direto da aplicação de tarifas, o setor industrial pode ser afetado pela menor demanda externa diante da desaceleração do crescimento global, e pelos efeitos negativos sobre os investimentos financeiros e produtivos devido ao elevado nível da incerteza global.”
De acordo com a Fiesp, “a atividade industrial – setor altamente cíclico – também deverá desacelerar, em consequência, sobretudo, da política monetária contracionista em um ambiente marcado por condições financeiras já restritivas”.
“O patamar elevado das taxas de juros – tanto internacionais quanto domésticas – é o principal fator que tem contribuído para a manutenção das condições financeiras em terreno restritivo”, criticou a Fiesp, em dia de anúncio da nova taxa básica de juros pelo Banco Central (BC).
“Por outro lado, medidas do governo voltadas ao estímulo da demanda, como a liberação de recursos do FGTS e o crédito consignado privado para trabalhadores com carteira assinada, constituem vetores altistas para a atividade em 2025”, diz a Fiesp.
A federação industrial manteve sua projeção de crescimento do setor para 2025 em 1,3%. Em 2024, a alta foi de 3,1%.