Cardeal brasileiro no conclave defendeu investigação concluída pela PF

Ao longo dos anos, uma das bandeiras levantadas pelo cardeal brasileiro Leonardo Steiner, que participa do conclave, foi justamente o apoio às investigações sobre o caso que ficou conhecido no Brasil como “massacre do Rio Abacaxis”, ocorrido em 2020 no Amazonas e cuja investigação foi concluída pela Polícia Federal (PF).

O catarinense Leonardo Ulrich Steiner, de 74 anos, já foi citado como um dos que têm chances para assumir o posto de Francisco, morto no mês passado. A escolha de um novo nome começou na quarta-feira (7/5).

Steiner é arcebispo de Manaus desde 2019, depois de uma trajetória atuando em outros locais do Brasil.

Foi justamente no estado do Amazonas que o massacre foi realizado há quase cinco anos. Foram cerca de 4 anos de investigação da PF, que identificou coordenadores e executores dos oito homicídios cometidos contra indígenas e ribeirinhos.

Imagem colorida de fumaça na Capela Sistina
Fumaça na chaminé da Capela Sistina

Na época do caso, foi deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública e Polícia Militar no Amazonas uma operação chamada “Lei e Ordem” na região. Durante a operação, policiais teriam realizado inúmeros abusos, como ameaça, tortura, violação de domicílio e homicídio.

Durante um webinário transmitido em 2021, para lembrar um ano do massacre, Steiner falou sobre a necessidade de “termos um fim e realmente que as pessoas sejam responsabilizadas e os corpos sejam encontrados”.

“Nós sabemos o que significa não enterrar o corpo, o sofrimento que existe. A experiência que eu tenho com povos indígenas, o sofrimento deles é muito maior. Não poder fazer os rituais, o choro, é muito danoso para a própria cultura. […] Não podemos deixar morrer essa questão, não podemos deixar botar essa injustiça de baixo do tapete”, disse.

Os investigados foram indiciados por homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado, destruição, subtração ou ocultação de cadáver, vilipêndio a cadáver, constituição de milícia privada, fraude processual e tortura.

Dentre os citados no relatório da PF, está o ex-secretário de Segurança Pública do Amazonas, Louismar Bonates, que teria sido omisso no massacre.

De acordo com a investigação da PF, duas autoridades exerciam a função de comandar as “graves violações de direitos humanos”, dificultando que agentes públicos de outras instituições acompanhassem o caso, com o objetivo de que os 11 executores não fossem investigados ou punidos.

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