Após a histórica eleição de Robert Prevost como papa Leão XIV, os sete cardeais brasileiros que participaram do conclave se pronunciaram sobre a cerimônia e suas expectativas para o novo pontífice. Em uma entrevista à imprensa no Vaticano, eles enfatizaram que, embora estivessem envolvidos no processo, a escolha do novo papa foi, para eles, a ação divina.
O papel do Espírito Santo na escolha do novo papa
O arcebispo de Brasília, Paulo Cezar Costa, falou com humildade sobre o papel dos cardeais durante o conclave, destacando que eles foram “instrumentos” de Deus na escolha do novo líder da Igreja Católica. Sua reflexão foi seguida pelo cardeal Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, que reafirmou a crença de que o Espírito Santo foi quem guiou a escolha. “Claro, através de pessoas humanas”, completou Tempesta, ressaltando a confiança no divino.
A presença da Igreja no conclave: Uma missão coletiva
O cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, destacou o sentimento de unidade no conclave, mencionando que os cardeais não estavam sozinhos. “Era a Igreja que estava ali”, afirmou, enfatizando a responsabilidade de todos os presentes para com a Igreja Universal. Esse comentário reflete a profunda espiritualidade que permeia as decisões tomadas dentro do conclave.
Leão XIV e sua relação com a América Latina: Uma Igreja com afeto pelo Brasil
Um dos pontos mais discutidos entre os cardeais brasileiros foi a origem de Leão XIV e sua trajetória como bispo e missionário, especialmente no Peru, América Latina. O cardeal Sérgio da Rocha, arcebispo primaz de Salvador, destacou que o novo papa tem uma excelente compreensão das realidades da Igreja no continente. “Ele conhece muito bem a realidade da igreja no mundo, mas particularmente na América Latina”, afirmou. Para os cardeais, a origem e a experiência de Leão XIV como bispo latino-americano prometem fortalecer os laços com o Brasil.
Polêmicas e acusações: A postura dos cardeais brasileiros
Quando questionados sobre as acusações de acobertamento de abusos sexuais envolvendo Leão XIV durante seu tempo como arcebispo no Peru, os cardeais brasileiros preferiram se abster de comentários. O arcebispo de São Paulo, Odilo Scherer, sugeriu que as acusações precisam ser esclarecidas antes de qualquer comentário. “É temerário a gente começar a escrever ou dizer algo sem termos o fundamento das coisas”, afirmou, ressaltando a importância de um processo claro e fundamentado para lidar com tais questões.
A relação de Leão XIV com o Brasil e o futuro da Igreja Católica
O cardeal Sérgio da Rocha também falou sobre o “afeto” demonstrado por Leão XIV pelo Brasil. Segundo ele, o novo papa, assim como Francisco, demonstra um carinho especial pelo povo brasileiro e pela Igreja no Brasil. “Com certeza, vamos ter uma continuidade do mesmo amor, do mesmo afeto que o papa Francisco mostrava por nós”, completou.
Além disso, Leão XIV já havia visitado o Brasil durante suas missões, o que fortalece a expectativa de que ele mantenha uma postura amigável e próxima ao país. Durante sua visita, ele esteve em São Paulo e Minas Gerais, além de uma viagem futura que ele já tinha planejado para participar da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
O futuro da Igreja sob o comando de Leão XIV: Diálogo e temas sensíveis
Os cardeais brasileiros também esperam que o papado de Leão XIV continue a abordagem de diálogo iniciada por Francisco. “O papa Leão não se fecha aos diálogos. Certamente continuará a dialogar”, afirmou o cardeal Leonard Ulrich Steiner, destacando que o novo papa será um homem de escuta e abertura.
Temas sensíveis, como o celibato dos padres, a aproximação com os homossexuais e o papel das mulheres na Igreja, também devem ser prioridades para Leão XIV, como indicaram os cardeais. Espera-se que o pontífice continue as discussões abertas iniciadas por Francisco, mantendo a Igreja em um processo de transformação e acolhimento.