O presidente francês Emmanuel Macron, o recém-eleito chanceler alemão Friedrich Merz e os primeiros-ministros do Reino Unido, Keir Starmer, e da Polônia, Donald Tusk, se reúnem na capital ucraniana com a intenção de dar uma resposta simbólica às comemorações do 80º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista realizada na sexta-feira (9/5) na Praça Vermelha, em Moscou, pelo presidente russo Vladimir Putin e mais de 20 líderes estrangeiros, incluindo o presidente chinês, Xi Jinping, e o brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
“Continuaremos a aumentar nosso apoio à Ucrânia. Intensificaremos nossa pressão sobre a máquina de guerra russa até que a Rússia concorde com um cessar-fogo duradouro”, alertaram os quatro líderes europeus em uma declaração conjunta, antes de se reunirem ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Os líderes francês, alemão e britânico chegaram a Kiev juntos de trem, já o polonês Tusk, que chegou separadamente, postou um vídeo de sua chegada à estação de Kiev no X.
O quarteto participará de uma reunião virtual com os outros líderes da “coalizão dos dispostos”, como está sendo chamado o grupo de países ocidentais, principalmente europeus, dispostos a fornecer à Ucrânia “garantias de segurança”. De acordo com a declaração, eles informarão os outros países sobre o “progresso feito em direção a uma futura coalizão que reunirá forças aéreas, terrestres e marítimas” para ajudar o exército ucraniano “após um possível acordo de paz” com a Rússia, que avança em invasões do território da Ucrânia há três anos.
Kijów. Przed nami ważny dzień. pic.twitter.com/g2y6xliedC
— Donald Tusk (@donaldtusk) May 10, 2025
Macron pede “conversas diretas”
Paris e Londres estão encarregadas de dirigir essa coalizão, cujos contornos ainda não estão claros. Depois de embarcarem no mesmo trem na Polônia, perto da fronteira com a Ucrânia, Macron, Starmer e Merz, vestidos com roupas casuais, tiveram uma conversa a três durante a viagem, observaram os jornalistas da AFP.
Os europeus foram para Kiev após um apelo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quinta-feira (8/5), que pediu à Rússia que aceite um “cessar-fogo incondicional de 30 dias”. Trump ameaçou com novas sanções ocidentais caso as negociações fracassassem.
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Emmanuel Macron disse na sexta-feira (9/5) que esperava chegar a um plano conjunto de cessar-fogo americano-europeu “nas próximas horas e dias” e insistiu, na manhã deste sábado, aos canais de TV franceses TF1 e LCI, que sejam realizadas “conversas diretas” entre a Ucrânia e a Rússia como parte do cessar-fogo de 30 dias exigido de Moscou pelos europeus, americanos e ucranianos.
No caso de uma trégua de 30 dias, “iniciaremos conversações diretas entre a Ucrânia e a Rússia. Estamos prontos para ajudar”, disse o presidente francês na entrevista, realizada no trem que o levava a Kiev. Se Moscou não aceitar o cessar-fogo, “haverá sanções adicionais (…) muito mais duras”, advertiu.
“Juntamente com os Estados Unidos, conclamamos a Rússia a aceitar um cessar-fogo completo e incondicional de 30 dias para permitir a realização de conversações com vistas a uma paz justa e duradoura”, acrescentaram, em seguida, os líderes europeus em declaração conjunta.
Armas ocidentais
Em Moscou, na sexta-feira, Vladimir Putin comemorou a “coragem” dos soldados russos envolvidos no pior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, que já custou dezenas de milhares de vidas em todos os países.
Em entrevista ao canal americano ABC, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que um cessar-fogo teria que ser precedido por uma interrupção no fornecimento de armas ocidentais, caso contrário, isso daria “uma vantagem à Ucrânia” em um momento em que “as tropas russas estão avançando com confiança” na frente de batalha.
Por enquanto, Moscou rejeitou os pedidos de cessar-fogo, contentando-se em declarar unilateralmente uma trégua de três dias que deve terminar à meia-noite de sábado. A pausa foi anunciada para marcar as comemorações da vitória sobre a Alemanha nazista. Mas a Ucrânia relatou centenas de violações da trégua.
Desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro, e sua espetacular aproximação com o líder do Kremlin, ucranianos e europeus temem que um acordo seja alcançado sem seu consentimento e com prejuízos à Ucrânia.
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