Evidências arqueológicas — ou ausência delas — derrubam 7 mitos sobre vikings

Os vikings, figuras muito conhecidas da história, povoam o imaginário popular através de filmes, séries e livros, mas evidências arqueológicas e textuais sobre os verdadeiros homens do norte podem te surpreender. Nada de elmos com chifres e violência extrema — esse povo milenar teve muito da sua imagem construída centenas de anos depois, no século XIX.

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Viking, para começar, não era um adjetivo que definia os escandinavos, como o uso atual. Nas runas, sua única aparição é na expressão “fara i viking”, que literalmente seria “ir à moda viking”, ou seja, sair numa expedição de pirataria, guerra ou comércio. Nesta matéria, seguimos com sete curiosidades sobre os vikings, os nórdicos antigos.

Nada de capacetes com chifres

Um aspecto famoso dos vikings na cultura pop são os capacetes com chifres ou asas. Isso deriva do artista alemão Carl Emil Doepler, que fez as roupas dos personagens da ópera Anel dos Nibelungos (obra de Richard Wagner que retrata mitologia alemã, mas ligada aos nórdicos) com capacetes ornados.


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A ideia de que vikings usavam elmos com chifres veio no século XIX, com roupas de ópera, visão eternizada com pinturas e filmes (Imagem: Γραφέας/CC-BY-S.A-4.0)
A ideia de que vikings usavam elmos com chifres veio no século XIX, com roupas de ópera, visão eternizada com pinturas e filmes (Imagem: Γραφέας/CC-BY-S.A-4.0)

A fama pegou nas pinturas do século XIX, e acabou repetida em filmes de Hollywood. Nos restos deixados pelos vikings em seus enterros e campos de batalha, no entanto, não há nenhum capacete com chifres, o que, sabemos, só atrapalharia no meio da batalha.

Vikings não eram apenas saqueadores

No oeste e centro da Europa, os vikings ganharam a fama de saqueadores, o que muitos deles realmente fizeram em incursões. Eles também eram, no entanto, bastante dedicados ao comércio e à exploração. Suas redes comerciais iam desde Bizâncio (atual Istambul), no Império Bizantino, às ilhas britânicas.

Eles até mesmo exploraram a Groenlândia e chegaram em Newfoundland, no Canadá, em cerca do ano 1000 d.C., centenas de anos antes de Cristóvão Colombo, mas não conseguiram se assentar por conflitos com os nativos. Segundo historiadores, as razões econômicas e culturais para a expansão viking eram tão importantes quanto os saques.

Violentos demais?

A violência ficou marcada como um aspecto cultural viking, mas isso por ter sido apenas um engano histórico. Como eram pagãos, os vikings não viam problema em saquear igrejas e mosteiros, locais pacíficos. Como a maioria das pessoas letradas eram os padres, seus escritos sobre os nórdicos relataram extrema violência, exageros presentes em histórias como a do saque de Lindisfarne, na Inglaterra, em 793 d.C.

A águia de sangue, como mostrado em uma cena de sacrifício da pedra Stora Hammar — apesar de presente nas sagas, a brutal execução não tem evidências arqueológicas de sua prática (Imagem: Stora Hammar/CC-BY-S.A-4.0)
A águia de sangue, como mostrado em uma cena de sacrifício da pedra Stora Hammar — apesar de presente nas sagas, a brutal execução não tem evidências arqueológicas de sua prática (Imagem: Stora Hammar/CC-BY-S.A-4.0)

A maioria das sociedades medievais era tão violenta quanto os vikings, e, como deixaram mais relatos do que eles, acabaram ficando com a fama, propagada nas histórias de bárbaros dos séculos seguintes.

Águia de sangue

Falando em violência, há um método de execução relatado em textos escandinavos chamado de águia de sangue, onde as costelas da vítima seriam abertas e seus pulmões puxados para fora, imitando asas. Apesar de brutal, acredita-se que o ritual só tenha sido descrito nas sagas (lendas mitológicas) vikings e nunca feito na realidade. As sagas eram dramaticamente exageradas, e não há evidências arqueológicas do ato.

Vikings cheirosos

Junto com a ideia de que eram saqueadores violentos, relatos da barbaridade viking acabaram reforçando a ideia de que eram selvagens e malcheirosos, ainda mais para a Era Medieval. Artefatos em túmulos vikings, no entanto, como pentes, pinças e pequenas colheres para tirar cera do ouvido mostram que eles se preocupavam bastante com a aparência.

Um explorador árabe chamado Ahmad Ibn Fadlan escreveu, em 921 d.C., que os vikings de Rus, uma região do leste europeu, se banhavam todos os dias, algo que ele, à época, achou estranho.

Todos os vikings eram loiros de olhos azuis?

Na Europa do século XIX, teorias raciais acabaram vendendo a ideia de que os nórdicos eram todos brancos e loiros, mas estudos de seu DNA desmentem isso.

Representação artística de um viking do sul europeu, mais precisa historicamente (Imagem: Jim Lyngvild)
Representação artística de um viking do sul europeu, mais precisa historicamente (Imagem: Jim Lyngvild)

Os vikings eram uma mistura de escandinavos com europeus do sul, eslavos e saami (povo nativo da Lapônia), e suas comunidades em Bizâncio e no mundo islâmico indicam que muitos vikings podem ter ascendência desses locais. Vários guerreiros enterrados tinham cabelos e tons de pele mais escuros do que o imaginário prega.

O cristianismo pacificou os vikings?

Difundiu-se uma ideia de que os vikings teriam para com a violência de tempos passados por conta de sua conversão ao cristianismo — por volta do século X, a maioria dos escandinavos já era cristã. Valas comuns da época e de tempos posteriores, no entanto, mostram que sua violência não diminuiu por conta da religião, mas se acalmou ao longo do tempo, como foi com os outros europeus.

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