A comunidade de Caraíva, distrito de Porto Seguro (BA), se mobiliza e cobra posicionamento das autoridades policiais acerca da morte do guia de turismo Victor Cerqueira Santos Santana, 28 anos, atingido por disparos de arma de fogo durante uma operação policial ocorrida no último sábado (10/5).
Desde a morte do jovem — que era querido e carinhosamente chamado de Vitinho pela comunidade — a população tem contestado o posicionamento da polícia e se unido em protestos. No domingo (12/5), um abaixo-assinado foi criado para exigir a instauração de um inquérito policial e uma investigação independente, com acompanhamento do Ministério Público, visando a apuração minuciosa dos fatos.
Na manhã desta terça-feira (13/5), o documento coletivo já acumulava 7,6 mil assinaturas. Na descrição do abaixo-assinado, a comunidade declara que “Não aceitará o silêncio como resposta.”
Além da instauração de investigações, os moradores pedem pela identificação e responsabilização penal, civil e administrativa dos agentes públicos envolvidos, conforme o devido processo legal; o monitoramento das operações policiais na região, com respeito aos princípios da legalidade, proporcionalidade, razoabilidade e dos direitos fundamentais; o apoio psicológico e jurídico à família da vítima, nos termos da Política Nacional de Assistência às Vítimas de Violência, além da atuação da Defensoria Pública e dos órgãos de controle externo da atividade policial, como a Ouvidoria da Polícia e o Conselho de Direitos Humanos.
Um perfil nas redes sociais, intitulado de “Justiça por Vitinho” também foi criado para dar força ao movimento. Cerca de 8,1 mil pessoas seguem a conta. “Sua morte, em circunstâncias que indicam possível abuso de autoridade e uso desproporcional da força policial, configura, em tese, uma grave violação de direitos humanos, podendo se enquadrar nos crimes de homicídio qualificado, abuso de poder e racismo institucional”, dizem amigos e familiares.
Um protesto com cartazes e gritos de Justiça também foi organizado na tarde essa segunda-feira (12/3). Revoltados, os participantes alegavam que Victor não reagiu à abordagem, mas que teria sido levado algemado e, posteriormente, encontrado morto.
A morte
Segundo moradores da região onde a operação conjunta entre a Polícia Militar da Bahia e da Polícia Federal foi deflagrada, o guia foi baleado quando os policiais procuravam por um suspeito conhecido como “Alongado”, líder de uma facção criminosa envolvida com tráfico de drogas, armas, homicídios e lavagem de dinheiro.
A população, indignada com um fato, alega que Victor não tinha envolvimento com nenhum dos crimes. O homem era guia de turismo e trabalhava com passeios de lancha e de buggy na região.
Além dele, dois homens morreram na noite de sábado (10): o alvo da operação, Ramon Oliveira Cruz, 33 – traficante conhecido como ‘Alongado’ – e um homem suspeito de ser seu ‘segurança’. Com ambos, a polícia encontrou uma pistola, revólver, carregador, munições e porções de entorpecentes.
Pronunciamento
A Secretaria de Segurança Pública se pronunciou sobre o ocorrido. A pasta afirmou que dois suspeitos foram atingidos por disparos de arma de fogo após confronto, segundo relatado por policiais que atuaram na operação.
A SSP afirmou que as duas vítimas chegaram a ser socorridas, mas não resistiram aos ferimentos.
A ação foi deflagrada com o objetivo de desarticular um grupo envolvido com tráficos de drogas e armas, homicídios, roubos, lavagem de dinheiro e corrupção de menores.