Ao que tudo indica, a maior disputa societária do país chegou ao fim. O acordo, ainda sem assinatura oficial, prevê um pagamento bilionário e a desistência da empresa estrangeira de participar da gestão da Eldorado Celulose.
A expectativa é de que a J&F pague US$ 2,9 bilhões (cerca de R$ 16 bilhões na cotação atual) para reaver os 49% da companhia que haviam sido vendidos para a Paper Excellence. Assim, a empresa dos irmãos Batista retomaria 100% da Eldorado Celulose e a Paper sairia definitivamente do negócio.
A disputa começou em 2017 e rendeu pilhas de processos judiciais e acusações cinematográficas de espionagem e hackeamento de mais de 70 mil e-mails de pessoas envolvidas na negociação.
Na época, a J&F acertou a venda de 100% da Eldorado para a Paper Excellence por R$ 15 bilhões, mais de US$ 4,2 bilhões ao câmbio vigente. O negócio, no entanto, nunca foi concluído.
A Paper ficou com 49% da companhia, mas foi impedida por sucessivas decisões judiciais de assumir o controle da Eldorado. O principal entendimento da Justiça foi de que a Paper, por ser sino-indonésia, não poderia assumir as ações e o controle da companhia de celulose. Isso porque a Eldorado Celulose conta com 290 mil hectares de florestas comerciais, além de 117 mil hectares de conservação.
A Paper chegou a tentar levar o caso para cortes internacionais. A primeira tentativa de uma alternativa à Justiça brasileira foi pedir para a Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI), sediada em Paris, transferir para lá a disputa arbitral entre as empresas. O pedido foi feito em janeiro e rejeitado em março. Depois, a empresa estrangeira ajuizou uma ação na Flórida, nos Estados Unidos.
No Brasil, no início do mês de maio, a Justiça negou pela sexta vez o pedido da Paper para suspender as decisões do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que proibiram atos de transferência, gestão e contratos acessórios relacionados à venda da Eldorado Celulose para a empresa estrangeira.
Nem a J&F e nem a Paper se manifestaram oficialmente sobre o acordo. O clima ainda é de desconfiança após os oito anos de disputas. Mas, a previsão é de que os termos do acordo sejam acertados na próxima quinta-feira (15/5).
Instalada em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, a Eldorado Celulose é a maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, com capacidade para produzir 1,8 milhão de toneladas por ano.
Apesar da longa disputa e da decisão de abrir mão da Eldorado (após receber o pagamento bilionário), a Paper não teria desistido de investir no Brasil e busca, de acordo com fontes, outras companhias de celulose.
