Dois veículos de luxo foram apreendidos pela Polícia Federal na casa do empresário Diego Cavalcante Gomes na manhã desta quarta-feira (14/5). O homem é alvo da 6ª fase da Operação Sisamnes, suspeito de atuar como operador financeiro de um lobista preso como sendo um dos principais atuantes no esquema de compra de decisões judiciais no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Na casa em que o empresário mora, em Brasília, a PF apreendeu dois Porsches, sendo um deles do modelo Cayenne, cujo valor de mercado pode chegar a R$ 1 milhão, em suas versões mais recentes. Além desses, um veículo Volkswagen TCross também foi levado pela polícia.
Diego está na rota da ação que mira suspeitos de tentar obstruir a Justiça, com o objetivo de atrapalhar o cumprimento de medidas judiciais realizadas durante a 5ª fase da investigação. Nesta etapa mais recente, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e um de busca e apreensão, todos expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e executados no Distrito Federal.
Ainda não há informações que confirmem o cumprimento do mandado de prisão em aberto contra Diego.
Operação Sisamnes
A operação investiga crimes como lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, evasão de divisas, organização criminosa e mercado de câmbio clandestino.
A 6ª fase foi desencadeada menos de 24 horas após o cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão em diferentes municípios, incluindo quatro no Mato Grosso, e a decretação de sequestro de bens e bloqueio de valores que somam cerca de R$ 20 milhões. As ações têm como pano de fundo um complexo esquema de corrupção que, segundo os investigadores, envolvia a compra de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A estrutura criminosa investigada pela PF operava por meio de uma rede empresarial voltada à lavagem de dinheiro, com mecanismos sofisticados para ocultar o pagamento de propinas. O objetivo era romper o vínculo direto entre os pagadores e os beneficiários das decisões judiciais corrompidas, dificultando o rastreamento das transações ilegais.
O ministro Zanin determinou medidas cautelares contra os envolvidos como o bloqueio de ativos financeiros, a proibição de contato entre investigados e a vedação de saída do país.
Zanin considerou haver indícios de empréstimos, dívidas e operações comerciais simuladas com o objetivo de viabilizar a devolução disfarçada de valores, caracterizando possível lavagem de dinheiro.
Outros alvos
Conforme a coluna divulgou, entre os alvos da 5ª fase está o advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), Ussiel Tavares. Também foi alvo de busca uma ex-secretária do advogado Roberto Zampieri, morto em 2024 em Cuiabá e citado em fases anteriores da investigação.
A OAB-MT, por meio do Tribunal de Defesa das Prerrogativas, acompanhou as diligências e afirmou que eventuais infrações éticas serão analisadas pelo Tribunal de Ética e Disciplina. Em nota, a seccional declarou que tomará as medidas cabíveis, caso haja comprovação de conduta irregular.
Ussiel Tavares, que iniciou sua carreira em 1985 e presidiu a OAB-MT entre 1998 e 2003, ainda não se manifestou publicamente sobre as acusações. A defesa do advogado não foi localizada, e o espaço segue aberto para manifestação.