Padre Júlio expõe farsa da “cracolândia resolvida” e denuncia ameaças de morte

São Paulo – Enquanto o governo paulista comemora um suposto “fim” da cracolândia, Padre Júlio Lancellotti vai à público desmentir a versão oficial.

Em vídeo publicado nesta quinta-feira (15), o religioso expôs a realidade nas ruas do centro da capital: dependentes químicos seguem em situação de abandono, perseguidos e espalhados pela cidade, longe de qualquer acolhimento real.

Segundo Padre Júlio, a propaganda de “problema resolvido” não passa de uma cortina de fumaça para encobrir a repressão sistemática promovida pelas forças de segurança.

“A cracolândia não sumiu. Espalharam os irmãos pela cidade. E o bonito é a autoridade assumir a verdade”, afirmou.

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Autoridades fingem, violência continua

Apesar do esvaziamento da rua dos Protestantes, tradicional ponto da cracolândia na Santa Ifigênia, os usuários continuam à deriva, como relataram moradores em situação de rua. Um deles contou que deixou o local após ameaças de morte feitas por policiais:
“A polícia bate, manda a gente pra um lado, depois pro outro. Agora ameaçam matar. E ninguém oferece ajuda”, denunciou.

Enquanto isso, Padre Júlio reforça que a questão vai muito além da geografia: “A cracolândia não é um lugar, são pessoas. E pessoas precisam de acolhimento, não de propaganda ou violência.”


Nunes, Tarcísio e a velha tática do “problema invisível”

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o vice Mello Araújo (PL) seguiram a cartilha da negação. Nunes afirmou estar “surpreso” com o esvaziamento da área e mencionou ações de remoção como solução, ignorando os relatos de abuso policial. Já o vice-prefeito insistiu que os dependentes químicos teriam “saído voluntariamente” por estarem indo para lugares melhores — afirmação que beira o cinismo diante das denúncias.

A Secretaria de Segurança Pública, comandada pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas, repetiu o mantra do “combate ao tráfico” e das “prisões de lideranças”, como se isso substituísse políticas públicas de saúde e acolhimento. Em nota, o secretário Guilherme Derrite falou em separar criminosos de usuários, mas se calou sobre os abusos sistemáticos denunciados por quem vive a realidade na pele.


Padre Júlio exige verdade e humanidade

Incansável na defesa dos mais vulneráveis, Padre Júlio cobrou responsabilidade e empatia das autoridades. Para ele, as operações não passam de um teatro repressivo que abandona os dependentes químicos à própria sorte.
“Não estão em clínicas. Estão espalhados, amedrontados, maltratados. E a violência não resolve nada”, reforçou.

A fala do padre ecoa como denúncia e alerta: esconder a miséria não é resolvê-la. E maquiar números não salva vidas.

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