Brasília – A esperteza de Sergio Moro virou piada durante sessão da Comissão de Fiscalização e Controle do Senado, nesta quinta-feira (15).
Ao tentar surfar na onda das denúncias de fraudes no INSS, o senador foi rebatido de forma cirúrgica pelo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz.
Enquanto tentava bancar o fiscal da moralidade, Moro foi lembrado de que era justamente ele o ministro da Justiça quando os primeiros sinais do esquema vieram à tona em 2020.
A invertida veio certeira: “Vossa excelência tinha mais obrigação que eu de apurar”, disparou Wolney, que ainda fez questão de destacar que foi o governo Lula quem efetivamente “chamou a polícia” para desmontar a roubalheira.
Ministro cobra explicações e expõe hipocrisia de Moro
Ao ser questionado sobre o que fez para barrar o esquema enquanto comandava o Ministério da Justiça no governo Jair Bolsonaro, Moro escorregou: alegou que não foi “informado” na época. Mas a desculpa soou oca. Wolney, sem paciência, deixou claro que o ex-juiz tinha responsabilidade direta, já que as denúncias chegaram à PF em 2020, quando ele ainda ocupava o cargo.
“Eu não queria esse bate-boca, mas vossa excelência como ministro da Justiça tinha muito mais obrigação que eu de saber disso”, retrucou o atual ministro.
Moro, visivelmente incomodado, tentou se defender alegando que as denúncias só foram feitas em setembro de 2020, quando já havia deixado o governo, em abril. Só que o estrago político já estava feito.
Tentativa de lacração vira vergonha pública
Depois do confronto, Moro ainda pediu a palavra para tentar limpar a própria barra. Repetiu que não sabia, que foi injustiçado, que não teve culpa. Mas o tom de desespero só confirmou que a tentativa de aparecer como combatente da corrupção saiu pela culatra.
Quem acompanhava a sessão teve a nítida sensação de que o ex-juiz da Lava Jato, hoje senador por conveniência, não suportou ser confrontado com os próprios fantasmas: omissão, seletividade e silêncio conveniente quando o governo era o de Bolsonaro.
Entenda o contexto
O ministro Wolney Queiroz foi convocado à comissão do Senado justamente para esclarecer o que o atual governo tem feito para conter o escândalo no INSS. A convocação foi puxada por nomes conhecidos da oposição: Sergio Moro, Dr. Hiran (PP-RR), Eduardo Girão (Novo-CE) e Marcos Rogério (PL-RO).
Wolney era secretário-executivo da Previdência antes de assumir a pasta com a saída de Carlos Lupi. E é justamente esse passado que Moro tentou usar contra ele, num jogo que acabou lhe custando caro.
Enquanto isso, o governo Lula segue tentando desmantelar os esquemas deixados por gestões anteriores. E a cada tentativa da oposição de posar de fiscal, a verdade insiste em aparecer — nem sempre do jeito que eles gostariam.
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