Piscina, sauna e arsenal: a mansão-bunker do CV em condomínio de luxo

A operação desencadeada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) em parceira com o Ministério Público aplicou um duro golpe na facção criminosa Comando Vermelho (CV), no início desta semana. Mais do que apreender drogas, armas de grosso calibre e dinheiro, o cerco revelou a existência de um bunker de luxo dentro de uma mansão, em condomínio de luxo, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade.

Após entrar na propriedade suntuosa, as equipes encontraram um vasto arsenal, inclusive armamento de guerra. Foram apreendidos 16 fuzis, sendo dois de calibre .30, de comercialização restrita. Também foram encontrados e apreendidos 24 mil dólares, obras de arte e dois relógios de luxo avaliados em R$ 2,8 milhões, um deles com pedras de diamantes que representam os números.

Em imagens feitas no imóvel, é possível ver uma área externa, com piscina, sauna integrada com entrada por debaixo dá água, espreguiçadeiras, uma grande área verde com grama, plantas ornamentais e árvores. No segundo andar, uma ampla varanda tem sofás e poltronas. Em uma sala, os policiais reuniram as dezenas de armas encontradas sobre um sofá e um tapete.

Veja as imagens:

No total, a operação conjunta apreendeu 240 armas e 43 mil munições com a quadrilha que vendia ilegalmente os armamentos e insumos ao Comando Vermelho. A ação foi fruto de uma investigação da 60ª DP (Campos Elísios) para desmantelar a quadrilha que abastecia a facção em sua guerra expansionista no estado. Dez pessoas foram presas.

Os alvos vão responder por associação para o tráfico de drogas com emprego de arma de fogo e entre estados da federação, falsidade ideológica, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e comércio ilegal de arma de fogo.

Alvo de um dos mandados de prisão, o chefe do crime em Rondônia, Luiz Carlos Bandera Rodrigues passou a atuar à frente do crime na Muzema, comunidade da zona oeste do Rio, segundo as investigações. No Rio há alguns anos, conquistou espaço no Comando Vermelho. Antes com o apelido Da Roça, no novo endereço ele passou a ser chamado de Zeus. Ele não foi encontrado durante a operação, e segue foragido.

Milhões em armas

O levantamento de mensagens trocadas por Da Roça mostrou que o bandido era bem metódico. Ele planilhava todas as compras. Em fevereiro e março de 2023, quando a Muzema já era alvo de ataques do CV, o bandido comprou mais de R$ 5 milhões em armas e munição, como um fuzil .50 — capaz de derrubar um helicóptero — por R$ 240 mil. Na lista, ainda há 10 fuzis. Além de detalhar data e valor, o traficante registrava o fornecedor.

A Polícia Civil, então, descobriu que Eduardo Bazzana, dono de uma loja de armas em São Paulo e presidente de um clube de tiro, fazia negócios com o traficante. Uma análise das movimentações financeiras de ambos, com dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mostra que Da Roça ou pessoas ligadas a ele faziam transferências para as empresas de Bazzana, que foi preso na operação. O arquivo interceptado pela investigação mostra que o empresário recebeu R$ 1,6 milhão pela venda de carregadores e munição aos criminosos.

Para tentar ludibriar os órgãos de controle, muitos dos depósitos feitos pelos traficantes eram fracionados via Pix. No entanto, o Coaf constatou as movimentações atípicas. Um dos Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) sobre as transações de Bazanna flagrou que ele recebeu transferências de Bruno de Lemo Garcia, suspeito de ser laranja de Jhonnatha Schimitd Yanowich. Bruno também foi preso nesta terça-feira (13/5).

Imóveis de alto luxo nos condomínios Mansões e Novo Leblon, na Barra, que pertencem a Yanowich foram alvos de busca e apreensão, onde em um deles foram encontrados os armamentos, dinheiro e joias. Yanowich foi preso em São Paulo na noite anterior e denunciado por lavagem de dinheiro.

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