No início do mês, autoridades dos Estados Unidos impediram um ataque terrorista contra uma base militar do país. Atentado que seria realizado por um ex-militar da Guarda Nacional do Exército de Michigan, de 19 anos, em nome do Estado Islâmico (ISIS).
Preso em 14 de maio, Ammar Abdulamajid-Mohamed Said planejava atacar o Comando de Tanques, Automóveis e Armamentos do Exército dos Estados Unidos (TACOM), localizado na cidade de Warren, Michigan.
O plano frustrado de Said era realizar tiroteio em massa na base militar, como forma de demonstrar suporte ao ISIS. O grupo jihadista tem ficado de fora dos holofotes nos últimos anos, após derrotas no Oriente Médio, mas continua sendo a organização terrorista mais mortal do mundo.
Estado Islâmico continua aterrorizando
O número de mortes provocadas por ataques do Estado Islâmico diminuíram em 2024, quando comparado a 2023, segundo o último relatório Global Terrorism Index 2025, publicado pelo Instituto para Economia e Paz. Ao todo, 1.805 assassinatos foram registrados no último ano, uma queda de 10% em relação aos dados divulgados no relatório anterior.
Mesmo assim, o ISIS continua sendo o grupo extremista que mais mata ao redor do mundo. Das 7.555 pessoas que morreram no último ano em ataques terroristas, 1.805 delas foram mortas pelas mãos da organização.
Ainda que tenha voltado sua presença para a África no últimos anos, o grupo extremista continua com operações no Oriente Médio, Ásia e Europa, e expandiu a presença global no último ano. Ataques foram registrados em 22 países, um a mais do que o número de 2023.
A Síria, que chegou a ter boa parte de seu território dominado pelo ISIS no começo da década de 2010, foi a região onde o grupo mais atuou em 2024. Uma das explicações foi a conturbada mudança de poder no país, após a queda de Bashar Al-Assad, e a ascensão do governo interino liderado pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS).
No país, agora sob o domínio de ex-jihadistas rivais do ISIS, os ataques aumentaram 50% em relação ao último relatório divulgado pelo Instituto para Economia e Paz. A estimativa é de que 95% das mortes por terrorismo na Síria tenham sido causadas pelo grupo, assim como 86% dos incidentes totais envolvendo extremismo.
“A instabilidade criou uma oportunidade para o ISIS explorar a crise, potencialmente permitindo que o grupo recupere a influência na região após anos de atividade reduzida”, diz um trecho do relatório.
Tática semelhante já foi utilizada na República Democrática do Congo (RDC), onde a presença do Estado Islâmico, e de organizações filiadas, é uma realidade há anos. O país foi o segundo mais afetado pelo ISIS nos doze meses de 2024, e contabilizou 299 mortes em 28 atentados.
Presença online
Precursor da “guerra santa online”, o Estado Islâmico continua atuando em meios digitais, apesar dos esforços de autoridades ao redor do mundo para desestabilizar a rede de recrutamento do grupo.
Segundo o relatório, a organização continua não só exercendo suas “habilidades multilíngues” para cooptar cada vez mais adeptos ao extremismo, como também expandindo-as.
Rastros online do ISIS foram documentados em línguas com inglês, árabe, dari, pashto, urdu, farsi, uzbeque, tadjique. Além disso, a presença do grupo também foi notada em mensagens divulgadas nos idiomas russo e turco, visando principalmente jovens que buscam pela organização nas redes sociais.
Mesmo modo operandis utilizado por um mineiro de 19 anos, preso em 2023 e condenado a 7 anos de detenção por terrorismo e corrupção de menores.
Acusado de cooptar jovens e adolescentes para o ISIS, por meio do aplicativo de mensagens Telegram, Fábio Samu da Costa Oliveira foi detido no portão de embarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, antes de uma viagem para a Turquia. Segundo a Polícia Federal (PF), o país a seria a ponte para uma outra viagem, à África, onde se juntaria ao ISIS.