No universo fitness, novas tendências surgem a todo momento, e uma prática inusitada tem chamado atenção: o consumo de leite materno por fisiculturistas. A ideia, compartilhada em fóruns e redes sociais, é de que a bebida poderia funcionar como um “superalimento” capaz de turbinar os resultados na academia. Essa moda não só carece de respaldo científico, como pode representar riscos à saúde.
De fato, o leite materno é extremamente nutritivo — contém anticorpos, enzimas, gordura de boa qualidade e fatores de crescimento que ajudam no desenvolvimento de recém-nascidos. No entanto, isso não significa que sua ingestão traga os mesmos benefícios para adultos.
É preciso entender que o organismo de um bebê é muito diferente do de um adulto. O leite materno foi feito para nutrir um recém-nascido em crescimento, não para hipertrofia muscular.
Além disso, a quantidade de proteína presente no leite materno é bastante inferior a de suplementos amplamente utilizados no meio esportivo, como o whey protein. E mais: o sistema digestivo adulto não absorve essas substâncias da mesma forma que o de um bebê, o que torna seus efeitos anabólicos, na prática, inexistentes.
Outro ponto de preocupação é a segurança. Uma pesquisa conduzida nos Estados Unidos analisou amostras de leite materno vendidas on-line e encontrou um dado alarmante: cerca de 75% estavam contaminadas com bactérias potencialmente perigosas. Fora dos bancos de leite regulados, não há garantias quanto à coleta, armazenamento e transporte do produto.
Na ausência de evidências científicas que apoiem a prática — e diante dos riscos envolvidos — especialistas recomendam cautela. Não é porque algo é natural que é automaticamente seguro ou eficaz.
O recado é claro: para quem deseja ganhos reais, o caminho mais seguro e eficaz ainda passa por uma alimentação equilibrada, treino consistente e orientação de profissionais qualificados.