São Paulo – O universo das bonecas hiper-realistas vai muito além dos populares “bebês reborn”. Uma vertente mais controversa vem ganhando mercado: as bonecas sexuais de tamanho real, totalmente personalizáveis e com preços que podem chegar a R$ 54,7 mil, segundo o site norte-americano RealDoll.
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Enquanto clientes escolhem tudo — do formato do rosto às partes íntimas — o Brasil já enfrenta debates sobre os impactos sociais e psicológicos desse tipo de consumo. Propostas de lei sobre atendimento no SUS e críticas de instituições religiosas escancaram um cenário onde erotismo, tecnologia e crença colidem.
Personalização atrai nichos e levanta polêmicas
A RealDoll, uma das fabricantes mais conhecidas dos Estados Unidos, oferece bonecas adultas com nível extremo de customização. São opções de olhos, pele, cabelo, maquiagem, voz, medidas corporais e até piercings e tatuagens. O preço base é em dólar, mas o custo final no Brasil pode ultrapassar R$ 50 mil, fora taxas e impostos.
Essas bonecas são projetadas com material sintético de alta fidelidade, imitando a textura da pele humana. Há modelos com inteligência artificial rudimentar, capazes de falar frases programadas e reagir ao toque.
Propostas no Congresso expõem o desconforto institucional
O avanço da tecnologia e da demanda por bonecos hiper-realistas provocou reações no Legislativo brasileiro. Uma das propostas apresentadas no Congresso defende que pessoas que criam vínculos emocionais com bonecos – sejam crianças ou adultos – tenham acesso a atendimento psicológico gratuito pelo SUS. Outra, mais polêmica, tenta proibir que esses indivíduos sejam atendidos na rede pública.
A discussão ganhou força após relatos de pessoas que tratam bonecos como membros da família. Algumas tentam incluí-los em ritos religiosos, como batismo e crisma. Isso levou a um posicionamento de igrejas cristãs, especialmente evangélicas, contra a prática.
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Tecnologia, afeto e moralidade em choque
Especialistas ouvidos por veículos internacionais apontam que a humanização de bonecos, especialmente os sexuais, coloca em xeque fronteiras morais, afetivas e legais. Em países como o Japão, esse mercado já é consolidado e envolve desde bonecos para idosos solitários até robôs sexuais com IA. Na Europa e nos EUA, surgem iniciativas para regulamentar o uso e comércio desses produtos.
No Brasil, o debate ainda é incipiente e polarizado: enquanto um lado defende a liberdade individual e o uso terapêutico dos bonecos, outro vê risco de alienação, fetichização e desumanização das relações humanas.
Tudo Explicado
O que são bonecas sexuais hiper-realistas?
São bonecas infláveis de tamanho real, feitas com materiais que imitam a pele humana, voltadas para uso sexual. Algumas possuem recursos de inteligência artificial e alta personalização estética.
Quanto custa uma boneca realista?
Modelos da RealDoll podem chegar a R$ 54,7 mil, sem contar impostos de importação. Os preços variam de acordo com os acessórios e nível de personalização.
Há leis sobre o uso dessas bonecas no Brasil?
Ainda não. Mas existem projetos em tramitação que tratam do vínculo emocional com bonecos hiper-realistas e seu impacto sobre o sistema de saúde público.
Religiões se posicionaram?
Sim. Igrejas evangélicas se manifestaram contra o uso desses bonecos em rituais como batismo e crisma.
Outros países regulam esse mercado?
Sim. Japão, Estados Unidos e alguns países europeus já discutem normas para venda e uso de robôs sexuais e bonecos hiper-realistas.