Mulher causa confusão ao exigir vacina em bebê reborn

Itajaí (SC) – O negacionismo e a espetacularização digital atingiram um novo nível de absurdo em Santa Catarina. Em janeiro deste ano, uma mulher provocou confusão em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Itajaí, no Litoral Norte do estado, ao exigir que fosse aplicada uma vacina em bebê reborn, boneca de silicone usada por sua filha de 4 anos. O objetivo? Produzir conteúdo para as redes sociais.

Segundo nota da Secretaria Municipal de Saúde, a mulher apareceu na unidade com a filha e, ao ser questionada sobre a carteira de vacinação, revelou que não se tratava de um atendimento real: queria apenas filmar uma “simulação de vacinação” na boneca. Diante da recusa dos profissionais, que explicaram que seringas e agulhas não podem ser desperdiçadas em brinquedos, a mulher se exaltou e deixou a UBS gritando com a equipe.

“É só abrir uma agulha!”, disse a mãe, em tom de deboche, segundo relato dos servidores. Nenhum dos profissionais se intimidou: todos se recusaram a fingir um atendimento, mantendo o protocolo de uso exclusivo de insumos em seres humanos.

A tentativa de transformar um ato médico em performance para likes não é apenas um desperdício de recursos públicos – é um sintoma claro da degradação do senso coletivo em tempos de desinformação e influência tóxica das redes. Em nota oficial, a Prefeitura lamentou o episódio e reforçou que a política de vacinação segue critérios técnicos e éticos.

O caso viralizou tardiamente nas redes nesta semana e tem gerado críticas à mãe por banalizar a saúde pública. Internautas denunciaram o episódio como mais um reflexo da cultura do “tudo é conteúdo”, onde até serviços essenciais são usados como palco para autopromoção.

O mais preocupante, no entanto, é o desprezo pelas campanhas de imunização que já sofrem retrocessos no Brasil pós-Bolsonaro. A busca por curtidas substituindo o bom senso reflete a irresponsabilidade de parte da população frente à saúde coletiva – um problema que não se resolve com uma “seringada simbólica”, mas com informação, políticas públicas firmes e respeito ao SUS.

Simulação negada não é abuso – é responsabilidade sanitária

É importante lembrar que os profissionais de saúde têm obrigação legal de seguir protocolos. Fingir a aplicação de uma vacina, mesmo em uma boneca, seria um risco ético, além de desperdício de insumos pagos com dinheiro público. A UBS agiu corretamente ao recusar o pedido e resguardar o interesse coletivo.

Casos como esse não são inéditos. Em outras cidades, já houve registros de tentativas semelhantes – inclusive com pedidos de vídeos em meio a campanhas sérias de vacinação contra Covid-19, o que levou o Ministério da Saúde a reforçar orientações sobre o uso de insumos e a integridade dos procedimentos vacinais.

O Carioca esclarece:

O que é um bebê reborn?
São bonecas hiper-realistas feitas com silicone ou vinil macio, que imitam bebês humanos. Muitas pessoas as usam como forma de conforto emocional ou brincadeira infantil.

Por que a vacina simbólica foi negada?
Porque insumos como seringas e agulhas são de uso exclusivo em seres humanos, e simulações consomem recursos públicos de forma irresponsável.

Isso impacta a saúde pública?
Sim. Além do desperdício de materiais, banaliza o trabalho dos profissionais e pode gerar desinformação, alimentando fake news sobre vacinação.

Há punições para esse tipo de comportamento?
Não há crime específico, mas o ato pode ser considerado perturbação do serviço público ou tentativa de induzir servidores a erro.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.