Storytelling é relevante para todas as marcas?

Eu estava redigindo esse texto, com uma intro bem cronista-filósofa-antropóloga e pensei: mulher, como você usa uma expressão em inglês no título, em um país no qual apenas 20% da população tem familiaridade com o idioma – segundo pesquisa da multinacional britânica de educação Pearson – sem contextualizar o que significa esse jargão de marketing?

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Não faz sentido. Então, achei de bom tom contextualizar:

Storytelling é a arte de contar histórias que contribuam para a promoção de uma marca pessoal, corporativa ou para vender produtos e serviços. Tudo isso de forma sútil e zero comercial.

Eu decidi reescrever esse início porque achei incoerente começar um texto sobre construção de narrativas a partir dos meus saberes e experiência pessoal, desconsiderando quem está lendo/ouvindo o que eu redigi.

Não faz sentido porque para uma história [storytelling] ser boa, é preciso que todos estejam na mesma página. Um exemplo disso é quando você está lendo um post em um perfil de fofoca e eles colocam na legenda: volte três posts para entender o caso.

Escutar, ver, ouvir e ler sobre o que o outro tem a dizer sobre ele ou um assunto foi o que nos trouxe até aqui. Isso foi primordial no desenvolvimento do ser humano, pois, antes da invenção da escrita, a transmissão de conhecimento era por meio das contações de histórias e canções, nas quais se compartilhava as vivências, aprendizados e experiências.

Diante disso, fica clara a importância de fazer as pessoas entenderem o que você faz, como e o porquê desse jeito.

Contar a sua jornada de forma didática, mostrar a paixão que move o seu negócio e a forma disruptiva como você e sua equipe resolvem problemas e melhora a vida das pessoas vai conectá-las de forma genuína com a sua marca.

Bem, com o conceito compreendido – eu torço que sim – vamos para a parte que você adora, a de colocar a mão na massa!

Primeiro, com o mantra “storytelling não é sobre inventar casos e sim estruturar narrativas”. Repita isso para você ou para seu time de marketing e RP pelo menos 10 vezes ao dia para não se tornar uma nova Diletto.

A marca sofreu uma derrocada após descobrirem que a narrativa sobre a receita dos sorvetes artesanais ter sido criada pelo avô de um dos sócios, um imigrante italiano, era falsa. A empresa foi obrigada pelo Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) a deixar claro, em toda a comunicação, que a história não era real.

Orientação dada, vamos ao próximo passo: entender a diferença de um storytelling para marcas pessoais e corporativas.

Para quem é profissional autônomo, essas histórias devem destacar a respectiva expertise, como por exemplo quando uma consultora de estilo conta como usa a moda no dia a dia para comunicar quem ela é.

Já para empresas, elas devem reforçar os valores do negócio, como fez a campanha #QualVaiSer da Avon, que mostrava como transformou as críticas das clientes nas redes sociais em melhorias dos produtos e, assim, comunicando que as consumidoras estão no centro do negócio.

Agora, vamos para a execução. Para te ajudar nesse processo, vou compartilhar contigo três dicas:

1. Aposte em um arco narrativo de três atos, com contexto, seguido de conflito e finalizado com a resolução

“Era uma empresa como outra qualquer [contexto]…

Até que descobrimos que 70% dos clientes sofriam com x [conflito]…

Criamos y, e hoje impactamos z pessoas [resolução]

2. Faça conexões humanizadas, mostre como você resolve o problema do seu cliente ideal. Para isso, use a linguagem do público para criar nele a sensação de estar em um bate-papo contigo

“quando o cliente pipipi nos procurou, faltavam apenas três dias para…”

3. Os formatos que melhor funcionam para marcas corporativas contarem histórias são documentários curtos e relatórios anuais narrativos. Já às pessoais, newsletters e posts em redes sociais. Para ambas, entrevistas para imprensa, podcasts e palestras.

Com um storytelling estratégico, você conseguirá construir um valor forte e posicionamento claro, além de qualificar melhor os seus leads, filtrando quem não é seu público enquanto atrai quem realmente se identifica com seus valores.

Luana Clara é sócia da LaPresse Comunicação.

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