Um ataque israelense na cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, na sexta-feira (23/5) matou nove dos dez filhos de um casal de médicos de um hospital local, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Mahmud Bassal, porta-voz da agência civil de Gaza, disse no sábado que socorristas “transportaram os corpos de nove crianças mártires, algumas delas carbonizadas, da casa do dr. Hamdi al-Najjar e de sua esposa, a Dra. Alaa al-Najjar, todos filhos do casal”. A idade das crianças mortas variava de sete meses a 12 anos de idade.
Leia também
-
Mundo
Gaza: população paga cerca de R$ 260 no quilo de farinha com insetos
-
Mundo
ONU retoma envio de ajuda a Gaza após bloqueio de quase três meses
-
São Paulo
Brasileiros que escaparam de guerra na Faixa de Gaza chegam a SP
-
Mundo
Netanyahu diz que Israel pode ter matado líder do Hamas em Gaza
Em um comunicado, as Forças Armadas de Israel afirmaram ter atacado suspeitos que operavam em uma estrutura próxima a militares israelenses, e descreveram a área de Khan Younis como uma “perigosa zona de guerra”.
A nota disse que militares israelenses retiraram os civis da área antes do ataque e que “a alegação sobre danos a civis não envolvidos está sendo analisada”.
O que se sabe sobre o incidente?
A médica Alaa al-Najjar, pediatra do Hospital Nasser, estava de plantão quando correu para sua casa e encontrou o local em chamas, disse Ahmad al-Farra, chefe do departamento de pediatria do hospital, à agência Associated Press.
Muneer Alboursh, diretor-geral do Ministério da Saúde em Gaza, administrado pelo Hamas, disse no X que o ataque ocorreu logo depois que seu marido, Hamdi Al-Najjar, a levou ao trabalho.
“Poucos minutos depois de voltar para casa, um míssil atingiu a casa deles”, disse, acrescentando que o pai estava “em tratamento intensivo” no hospital.
Pelo menos 79 pessoas morreram em ataques em Gaza no período de 24 horas até a tarde deste sábado, segundo o Ministério da Saúde do território.
Comissário do governo alemão pede debate sobre apoio a Israel
O recente ataque a Gaza ocorreu em um momento em que países europeus, como o Reino Unido e a França, estão cada vez mais críticos em relação às operações militares de Israel no território.
Felix Klein, comissário do governo alemão para o combate ao antissemitismo, disse ao jornal alemão FAZ que, embora a proteção de Israel e a defesa de seu direito de existir sejam fundamentais para a política alemã, o apoio só pode ir até certo ponto.
“Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para preservar a segurança de Israel e dos judeus em todo o mundo”, disse. “Mas também devemos deixar claro que isso não justifica tudo.”
Proteger a segurança de Israel e apoiar seus interesses em organizações internacionais é uma das Staatsräson (razão de Estado) da Alemanha. Essa política está ligada à responsabilidade histórica da Alemanha com Israel após o Holocausto na Segunda Guerra Mundial, na qual 6 milhões de judeus foram mortos.
“A situação humanitária em Gaza é catastrófica. Um país que ocupa um território deve garantir que a população seja alimentada adequadamente, que os suprimentos de socorro cheguem e que o atendimento médico possa ser realizado”, disse Klein.
Ele enfatizou que Israel tem o direito de se defender contra o Hamas, a quem acusou de “ódio genocida”, mas questionou a “proporcionalidade” da ação militar de Israel.
Guerra está em sua “fase mais cruel”, diz ONU
Israel lançou sua campanha militar em Gaza em resposta a um ataque terrorista do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023. O ataque do Hamas a Israel matou cerca de 1.200 pessoas, e o Hamas e outros grupos palestinos também fizeram 251 reféns.
As autoridades de saúde de Gaza dizem que quase 54 mil pessoas morreram na Faixa de Gaza em meio aos ataques israelenses. Embora Israel e os EUA tenham criticado esse número de mortos, a ONU e outros órgãos internacionais consideraram a estimativa do Ministério da Saúde de Gaza amplamente confiável.
Na sexta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a população de Gaza estava enfrentando o que poderia ser “a fase mais cruel da guerra”, e criticou o bloqueio de Israel à entrada de ajuda humanitária no território – suspenso parcialmente nesta semana.
Confira mais notícias na DW, parceiro do Metrópoles.