Peço licença aos amigos do CT Auto para iniciar esse review de uma maneira diferente da que costumo fazer: com uma breve narrativa em 1ª pessoa. Vale pontuar que o expediente é comum em conteúdos como esse, no qual dou meu parecer detalhado sobre os carros avaliados, nesse caso, o Volkswagen ID.Buzz, popularmente conhecido como Kombi elétrica.
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A razão pela qual vou adotar a licença poética e escrever os próximos parágrafos em primeira pessoa é bem simples: fui o escalado pelo Canaltech para avaliar a ID.Buzz em nome do CT Auto e, mesmo após ter feito inúmeros reviews, não apenas aqui, mas em outras redações pelas quais passei, posso afirmar que nenhum carro me surpreendeu tanto quanto a Kombi elétrica. E não apenas a mim.
Desde o momento em que recebi o carro e entrei com ele no condomínio onde moro, em Jundiaí, até o momento em que efetuei a devolução para o pessoal da frota, as reações por onde passei ao volante da ID.Buzz foram exatamente as mesmas: pescoços virados, admiração, elogios pela “caranga”, pedidos para fazer fotos ao lado do veículo e a inevitável pergunta: “Essa é a nova Kombi?”.
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A admiração e a surpresa são justificáveis. Afinal, se você ainda não sabe, a ID.Buzz não é vendida no mercado brasileiro, e está disponível apenas pelo programa de assinatura da marca. Entenderam o porquê esse conteúdo justifica e, mais do que isso, merece uma narrativa em 1ª pessoa? Então embarque comigo e conheça tudo sobre a Kombi elétrica. “Kombi”nado?
Prós
- Design único
- Conjunto mecânico
- Tecnologia
- Espaço interno
Contras
- Autonomia
- Disponibilidade (preço)
Conectividade, Tecnologia e Segurança
A Kombi elétrica pode até lembrar, vagamente, a boa e velha “Corujinha”, apelido carinhoso de um dos maiores ícones da história da Volkswagen. A semelhança, porém, fica restrita apenas e tão somente ao visual.
No que diz respeito ao combo formado por conectividade, tecnologia e segurança, o ID.Buzz é, como deveria, anos-luz à frente da antiga van da marca alemã. E, talvez pelo pacote tecnológico, o alto preço para alugar, ou importar a Kombi elétrica, se justifique.
A imponente van elétrica conta com central multimídia de ótima intuitividade e um pacote repleto de itens de assistência à condução, batizado como IQ.Drive. Ele conta, entre outros recursos, com:
- Controle adaptativo de velocidade e distância
- Detector de ponto cego
- Assistente traseiro transversal de saída de vaga
- Front Assist
- Travel Assist
- Assistente de conversão na transversal
Ainda no campo da tecnologia, não há como deixar de destacar o Park Assist Plus. Ao ativar esse recurso, a Kombi elétrica controla acelerador, freio, volante e até a mudança de marcha. Assim, ela ajuda a estacionar o carro por meio das funções semiautônomas Nível 2.
Os faróis IQ. Light Matrix também são um show à parte, e “transformam a noite em dia”, mesmo em locais nos quais a iluminação pública não faz o serviço da forma que deveria. Isso tornou a dirigibilidade bastante segura, independentemente do horário.
Conforto e Experiência de Uso
Além de ser extremamente tecnológico, o Volkswagen ID.Buzz é muito confortável e agradável de dirigir. Sentar-se ao volante da Kombi elétrica foi uma experiência, no mínimo, interessante. Em vários aspectos.
A começar pelo fator surpresa, já que, por se tratar de um carro disponível apenas por assinatura ou, então, importação particular, não é muito visto nas ruas, especialmente em cidades do interior de São Paulo, como Jundiaí e Louveira, cenários escolhidos para a realização deste review.
Entre um e outro aceno, sorrisos e, claro, pausas para as pessoas tirarem fotos ao lado da Kombi elétrica (e foram muitas), consegui, enfim, fazer uma análise detalhada do modelo que custa perto de R$ 1 milhão para ser trazido ao Brasil via importadora, e cujo aluguel sai a partir de R$ 8.990,00 pelo serviço de assinatura próprio da Volkswagen.
O motor de 204 cv de potência e 31,6 kWh de torque, embora não impressione, já que estamos falando de um veículo com 2.474 kg, faz o suficiente para entregar uma condução agradável e sem sustos, mesmo em ladeiras mais íngremes.
A suspensão é um pouco rígida, talvez propositalmente, já que a Kombi elétrica tem um centro de gravidade alto e precisa de equilíbrio para se tornar estável. Apesar das dimensões avantajadas (4,717 m de comprimento x 1,985 m de largura x 1,927 m de altura), o ID.Buzz não é um “trambolho”, e tem uma tocada bastante tranquila.
Pontos de atenção
Um dos únicos “senões” que consegui destacar foi relacionado à autonomia, que me parece bem menor que os 425 km declarados pela marca (337 pelo Inmetro), embora a bateria seja bem grande, de 82 kWh.
O outro ponto “negativo”, na verdade, é facilmente sanável com o passar do tempo: senti que a frenagem da Kombi elétrica não é tão imediata quanto a de outros veículos, especialmente em velocidades um pouco mais altas. Bastaram alguns passeios, porém, para conseguir “dominar” a fera de quase duas toneladas e meia sem maiores problemas.
Pequenos detalhes que não atrapalharam em nada a experiência de dirigir o carro mais legal que já testei em quase quatro anos de CT Auto — e em oito como jornalista do segmento automotivo.
“Dirigir a Kombi elétrica é uma experiência única, pois te coloca, literalmente, no centro das atenções por onde passa.”
Design e Acabamento
O ID.Buzz não é exatamente igual à antiga Corujinha, mas não dá pra negar, nem mesmo na primeira olhada, que o DNA do icônico modelo que fez sucesso em décadas passadas está presente na Kombi elétrica.
O enorme símbolo da Volkswagen na dianteira, o gigantesco vidro dianteiro, as portas corrediças nas laterais, o espaço interno “infinito” e, claro, o capô encurtado, formam o combo responsável por dezenas de pessoas (sem exagero) me abordarem durante a semana de testes para perguntar se “era a nova Kombi”.
Se por fora o ID.Buzz é inconfundível, por dentro ele não lembra em nada a boa e velha Corujinha, tampouco os carros produzidos e vendidos pela Volkswagen no mercado brasileiro. O motivo? O acabamento é impecável.
Embora algumas partes apresentem o famoso (e irritante) plástico duro, a Kombi elétrica tem material macio ao toque (emborrachado) no painel, console e portas, além de detalhes em alumínio e imitando madeira.
Os bancos são confortáveis, reclinam (até mesmo os traseiros) e têm mesinhas retráteis para acomodar bebidas ou até mesmo um notebook. As luzes ambientes, em LEDs personalizáveis, completam com chave de ouro o que, para muitos, é uma verdadeira sala de estar sobre rodas.
Concorrentes do ID.Buzz
A Kombi elétrica, na verdade, não tem concorrentes do mesmo segmento, pelo menos no Brasil. Lá fora, porém, algumas marcas já perceberam que o “filão” é interessante e estão preparando rivais para a renascida “Corujinha”.
A mais nova delas é a Kia PV5. Assim como a rival da Volkswagen, a van sul-coreana será oferecida em duas versões, uma somente para passageiros e outra para transporte de carga.
“É uma pena que o Volkswagen ID.Buzz custe tão caro, até mesmo pelo serviço de assinatura. A Kombi elétrica, sem dúvidas, seria um sucesso se fosse mais acessível.”
Volkswagen ID.Buzz: a Kombi elétrica vale a pena?
Depois de passar alguns dias com o Volkswagen ID.Buzz e sentir, na pele, o quanto as pessoas gostam da Kombi, seja ela elétrica ou não, a resposta mais coerente para quem perguntar se vale a pena assinar ou comprar a “perua”, seria simples. Mas não é.
Embora o coração grite por um “Sim”, a verdade é que os preços, tanto pelo serviço de assinatura da Volkswagen, quanto pela importação privada, são proibitivos e extremamente altos.
Mesmo que o interessado trabalhe com serviço de transporte de executivos, e possa levar, confortavelmente, até quatro passageiros por viagem, arcar com os custos do aluguel e ainda tirar um “dinheirinho” para se manter seria uma tarefa hercúlea.
De qualquer forma, não resta dúvidas de que a Kombi elétrica é, sim, um carro incrível, mas, infelizmente, para poucos. Por tudo isso, acho que está justificado ter feito parte do texto para o CT Auto em primeira pessoa, não acham?
*A unidade do Volkswagen ID.Buzz utilizado nesse review foi gentilmente emprestado ao Canaltech pela Volkswagen do Brasil
Leia a matéria no Canaltech.
