Brasília, 10 de junho de 2025 — Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal, o general Braga Netto ouviu uma resposta afiada de Alexandre de Moraes, que relembrou com ironia: “Fui eu que decretei sua prisão”.
O silêncio das armas e o barulho da Justiça
O ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, figura-chave da ala militar bolsonarista, foi confrontado nesta terça-feira (10) com uma dose de ironia cortante no STF. Durante seu interrogatório, o ministro Alexandre de Moraes fez uma pergunta aparentemente simples:
“O senhor já foi preso?”
O general respondeu que sim, está preso. Com um leve sorriso, Moraes emendou:
“Eu sei que o senhor está, eu que decretei.”
A resposta de Moraes viralizou imediatamente nas redes sociais e nos bastidores jurídicos de Brasília, simbolizando a inversão do jogo de poder entre os que antes intimidavam o Judiciário e agora são obrigados a prestar contas a ele.
Prisão preventiva e conspiração
Braga Netto está preso preventivamente desde dezembro de 2024, acusado de tentar obstruir investigações sobre um plano golpista articulado no alto comando do governo Bolsonaro.
Segundo apurações conduzidas pela Procuradoria-Geral da República, o general participou de estratégias para desestabilizar o processo democrático, incluindo ações destinadas a desacreditar o sistema eleitoral e interferir em apurações sigilosas.
Ele depôs por videoconferência, mas o distanciamento da tela não o livrou da contundência do olhar de Moraes, que conduz o inquérito com firmeza.
A cadeia como resposta à farda
A cena tem peso simbólico: um general de quatro estrelas sendo lembrado, com ironia jurídica, de que está atrás das grades por ordem de um ministro do STF. Em outras palavras: não há mais blindagem institucional para quem tentou minar a democracia.
O Diário Carioca apurou que outros generais aliados a Bolsonaro deverão prestar depoimentos nas próximas semanas. O clima é de crescente isolamento dos militares envolvidos em articulações golpistas.
O bolsonarismo acuado
A convocação de Braga Netto é parte de um cerco maior a figuras do bolsonarismo que, nos bastidores, tramaram alternativas para barrar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Como revelou O Globo, há indícios de que o general tenha participado de reuniões onde se discutiam medidas extremas, como a decretação de Estado de Sítio.
Já o Diário Carioca publicou em janeiro de 2025, documentos que indicam o papel do general em mensagens trocadas com o núcleo duro do Planalto.
O Carioca Esclarece
Braga Netto está preso preventivamente, sem condenação, por ordem do STF, no contexto das investigações sobre tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Entenda o Caso
Quem é Braga Netto e por que está preso?
Walter Braga Netto é general da reserva e ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro. Está preso por tentativa de obstrução das investigações sobre a tentativa de golpe em 2022.
O que Moraes quis dizer com “eu que decretei”?
Foi uma resposta irônica para lembrar que sua prisão foi determinada pelo próprio ministro — enfatizando o papel ativo do STF no combate ao golpismo.
Qual o papel de Braga Netto no suposto plano golpista?
Ele teria articulado, junto a outros militares e ministros, um cenário para impedir a posse de Lula, segundo a PGR.