Universidade Gratuita: 44% dos alunos beneficiados não têm direito a bolsas, aponta TCE-SC

Deputados estaduais aprovaram pedido de informações à secretaria de Estado da Educação – Foto: Freepik/ND

Um levantamento realizado pelo TCE-SC (Tribunal de Contas do Estado) aponta indícios de irregularidades em 44% das bolsas concedidas pelos programas Universidade Gratuita e Fumdesc (Fundo Estadual de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior Catarinense).

O relatório, apresentado pelo conselheiro Gerson dos Santos Sicca, nesta quarta-feira (11), mostra que, ao menos, 18.323 alunos, matriculados em instituições de ensino superior através do benefício, que não estariam aptos às bolsas. O parecer foi aprovado por unanimidade.

O levantamento tem como base, o cruzamento de informações do banco de dados do Tribunal de Contas e de elementos encontrados nos cadastros do Universidade Gratuita e também do Fumdesc, junto à SED (Secretaria de Estado da Educação). O relatório

Relatório aponta possível irregularidade em quase metade das matrículas do Universidade Gratuita e Fumdesc

O trabalho do TCE-SC apontou que 15.281 alunos beneficiados com o Universidade Gratuita e Fumdesc possuem divergências em informações patrimoniais apresentadas ao governo do Estado, 4.430 possuem inconsistências na renda declarada e outros 1.699 possuem vínculos empregatícios não informados aos órgãos de controle.

Painel mostra possíveis irregularidades identificadas pelo TCE-SC no Universidade Gratuita e Fumdesc

Painel mostra possíveis irregularidades identificadas pelo TCE-SC em programas educacionais catarinenses – Foto: TCE-SC/YouTube/ND

“Os indícios apontam, no cruzamento de dados, que foram identificados mais de 18 mil alunos com algum potencial de risco, ou seja, que poderiam não ser aptos à concessão de bolsas, a ser confirmado. Hoje, caberia, em risco, mais de R$ 300 milhões em valor aplicado”, expôs o diretor-geral de Controle Externo, Sidney Tavares Júnior, durante a sessão.

“Conhecendo o relatório, que tratou das informações, determinar a autuação de um processo de inspeção para apurar esses indícios e levantar o sigilo do relatório, com posterior ciência da Secretaria da Educação, à Controladoria-Geral do Estado, a Assembleia Legislativa e ao Ministério Público”, recomendou o relator, solicitando abertura de um novo processo.

Somados, o número de possíveis irregularidades chega a 39.733. Apenas em 2024, o programa Universidade Gratuita beneficiou 41 mil estudantes. No entendimento do relator, o Poder Executivo precisa aprimorar o método de seleção para facilitar o ingresso dos estudantes e evitar fraudes futuras.

Contraponto

Em vídeo enviado ao ND Mais, a secretária de Estado da Educação, Luciane Ceretta, afirmou que a pasta “recebe, com seriedade, o relatório do Tribunal de Contas do Estado” e que já foi solicitado detalhamento técnico acerca do documento.

Luciane Ceretta, secretária de Educação de SC

Luciane Ceretta, secretária de Educação de SC, afirmou que estudantes podem ser responsabilizados caso tenham sido beneficiados por fraude – Foto: Divulgação/ND

“Se houver irregularidades, as sanções previsas serão aplicadas”, reforçou a titular da SED. Ceretta reforçou os novos procedimentos adotados pela pasta para evitar fraudes no Universidade Gratuita. “É a maior política educacional da nossa história e precisa ser fortalecida e protegida por todo cidadão catarinense”, pontuou.

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