O movimento de recuperação da imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi interrompido, segundo nova pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (12).
A reprovação ao petista oscilou para 40%, enquanto 28% o avaliam positivamente, mantendo o pior patamar registrado em seus três mandatos.
No levantamento anterior, realizado em abril, a reprovação era de 38%, enquanto a aprovação era de 29%.
O levantamento do Datafolha foi realizado entre os dias 10 e 11 de junho, com 2.004 entrevistas em 136 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Apesar da oscilação estar dentro da margem de erro de dois pontos percentuais, o dado é simbólico: reverte a tendência de alta da aprovação observada após a queda abrupta registrada em fevereiro, quando o presidente atingiu apenas 24% de ótimo ou bom, em meio à crise do Pix. A diferença agora é que a queda está associada a um escândalo de maior alcance popular e impacto mais direto: a crise do INSS.
Inicialmente, o governo tentou associar o caso à gestão de Jair Bolsonaro (PL), já que o esquema começou em 2019. No entanto, como as fraudes continuaram até 2024, a estratégia perdeu força, agravada pela resposta hesitante do Planalto e pela troca tardia no comando da Previdência, com a demissão de Carlos Lupi.
A desorganização da reação gerou ruídos internos e acelerou o desgaste entre os públicos que historicamente apoiam Lula.
No recorte dos eleitores que recebem até dois salários mínimos — grupo em que Lula tradicionalmente tem melhor desempenho — a aprovação subiu discretamente de 30% para 32%, enquanto a reprovação caiu de 36% para 33%.
Já entre os eleitores com ensino superior, a queda foi mais expressiva: a aprovação recuou de 31% para 25%.
O índice dos que consideram o governo regular permaneceu praticamente estável, passando de 32% para 31%. Outros 1% dos entrevistados disseram não saber avaliar.
Além do escândalo no INSS, outros episódios recentes também contribuíram para o desgaste da imagem do governo.
Um deles foi o embate entre a primeira-dama Janja da Silva e o líder chinês Xi Jinping, durante viagem oficial, que causou desconforto na diplomacia.
Outro foi o recuo do governo no aumento do IOF, após reações negativas de agentes do mercado e da própria base aliada.
O resultado serve de alerta ao Palácio do Planalto: a recuperação na popularidade, que parecia se desenhar após a substituição na chefia da comunicação por Sidônio Palmeira, pode não resistir a crises de grande alcance popular, especialmente quando envolvem promessas centrais de campanha, como a proteção aos mais pobres.
Fonte: InfoMoney