A pressão arterial ideal não é mais a conhecida 12 por 8. Para idosos, principalmente os mais frágeis, os limites considerados saudáveis mudaram nos últimos anos.
Atualizações das diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), publicadas em 2024, e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), de 2023, dão o alerta de que os valores ideais para pessoas saudáveis a partir dos 70 anos devem ser ao redor de 11 por 7.
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Pressão alta: conheça causas da hipertensão e como prevenir a doença
Idosos com pressão alta
É comum que idosos tenham a pressão arterial alta. Neste caso, as diretrizes da SBC preveem 13 por 8 como limite saudável. No Brasil, estima-se que mais de 60% dos idosos convivem com valores de pressão maiores do que o recomendado.
“Com o envelhecimento das artérias, ocorre seu endurecimento e diminuição de sua capacidade de distender. Além disso, o indivíduo da terceira idade fica mais tempo exposto a condições que favorecem o aparecimento de condições médicas subjacentes como diabetes e obesidade. Doenças renais também tendem a colaborar com o desenvolvimento da hipertensão”, explica o cardiologista Anis Ghattás Mitri Filho, presidente da Santa Casa de Chavantes, em São Paulo.
Valores ideais de pressão arterial
O número alarmante de pessoas com hipertensão acende o alerta para a necessidade de uma atenção individualizada para as condições cardíacas de pessoas idosas, especialmente das mais velhas, a partir dos 85 anos. Conhecendo os valores de referência atuais, porém, é possível iniciar o tratamento antes de que o problema se agrave.
As diretrizes atuais adotam três faixas de referência:
- Pressão não elevada: até 12 por 7;
- Pressão elevada: entre 12 por 7 e 14 por 9;
- Hipertensão: acima de 14 por 9.
Isso muda a interpretação do 12 por 8, visto como um sinal amarelo de atenção, e não mais como ideal a ser alcançado.
Cuidados redobrados a partir dos 85 anos
A ESC destaca que em idosos com mais de 85 anos, o tratamento da pressão precisa considerar ainda fatores como fragilidade, múltiplas doenças e uso excessivo de remédios na hora de modular o funcionamento do coração.
“A pressão sistólica em pessoas frágeis tende a ser naturalmente mais baixa. Isso não deve ser confundido com sucesso do tratamento. Ensaios clínicos mostram que a fragilidade, por si, pode causar redução da pressão e aumentar o risco cardiovascular”, alerta a diretriz da sociedade europeia.
O uso excessivo de remédios que bloqueiam a pressão arterial (afabloqueadores) foi associado ao maior desenvolvimento de fraqueza, com a incapacidade de se manter de pé (ortostase) e o maior risco de queda.
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A pressão alta, também conhecida como hipertensão, é uma doença que ataca o coração, os vasos sanguíneos, os olhos, o cérebro e pode afetar drasticamente os rins. É causada quando a pressão fica frequentemente acima de 140 por 90 mmHg
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Fora a questão genética, fatores como consumo de álcool, cigarro, sal em grande quantidade, obesidade, colesterol alto, diabetes, idade avançada, estresse e sedentarismo também podem influenciar nos níveis de pressão arterial
Peter Dazeley/ Getty Images3 de 9
Tontura, visão embaçada, dor de cabeça ou dor no pescoço são os principais sintomas relacionados à doença. Geralmente, esses incômodos aparecem quando a pressão aumenta rapidamente
Colin Hawkins/ Getty Images4 de 9
Outros sintomas comuns em quem tem pressão alta são: zumbido no ouvido, visão dupla ou embaçada, dor na nuca e na cabeça, sonolência, palpitações, enjoo e pequenos pontos de sangue nos olhos
Grace Cary/ Getty Images5 de 9
A pressão alta é responsável por problemas graves de saúde como AVC, insuficiência cardíaca e perda da visão. Ao desconfiar que se tem a doença, o indicado é aferir a pressão sanguínea com um aparelho próprio, em casa ou na farmácia
Peter M. Fisher/ Getty Images6 de 9
Apesar da gravidade, a pressão alta pode ser controlada. Hábitos saudáveis como a prática de exercícios físicos, alimentação saudável, evitar situações que possam causar estresse, diminuir o consumo de bebidas alcoólicas, manter o peso e o colesterol sob controle e evitar drogas que aumentem a pressão arterial (como cafeína, antidepressivos e corticoides) podem ajudar no controle da pressão
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Ao apresentar quaisquer sintomas, um cardiologista deve ser procurado. Por ser uma doença que não tem cura e que pode causar problemas cardiovasculares, o diagnóstico precoce diminui consideravelmente quadro mais graves e irreversíveis
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Somente um especialista é capaz de diagnosticar casos de hipertensão e indicar o tratamento necessário para diminuir sintomas e consequências da doença. Geralmente, a utilização de remédios e repouso são indicados
A. Martin UW Photography/ Getty Images9 de 9
Contudo, caso a pressão se mantenha superior ao indicado, ou seja, 140/90 mmHg após uma hora, o paciente deve procurar imediatamente um hospital para tomar anti-hipertensivos intravenosos
Luis Alvarez/ Getty Images
Pressão mais baixa nem sempre é a melhor
As orientações mais atualizadas recomendam metas mais conservadoras para idosos frágeis. Muitos especialistas indicam a pressão de até 15 por 10 como aceitável. “Metas mais intensivas, como abaixo de 13, só devem ser buscadas em pacientes que toleram bem a medicação”, completa a diretriz europeia.
Além dos riscos cardiovasculares, os efeitos colaterais não devem ser ignorados. Entre eles estão tonturas, desmaios e prejuízos à função renal. A meta intensiva de 120 por 70 mmHg só deve ser mantida em pacientes assintomáticos e sem efeitos adversos.
Monitorar é parte do cuidado diário
Os aparelhos de pressão medem dois valores. O maior, chamado sistólico, reflete a contração do coração. O menor, o diastólico, mostra a fase de repouso do órgão. Ambos são importantes para avaliar o risco cardiovascular.
Pressões diastólicas persistentemente altas podem indicar sobrecarga cardíaca. Já valores muito baixos, abaixo de 50 mmHg, levantam suspeita de que o corpo não está reagindo bem aos medicamentos prescritos.
O limite inferior ideal ainda é alvo de debate. A diretriz europeia não recomenda interromper o tratamento se a pressão estiver controlada. No entanto, reforça que pacientes frágeis devem ser avaliados de forma personalizada e com cautela.
A hipertensão não tem cura, mas pode ser controlada por meio de medicamentos e tratamentos médicos. “Além de fazer o uso de medicamentos recomendado pelo seu médico, é imprescindível adotar um estilo de vida saudável, como manter o peso adequado, não abusar no consumo de sal ou de alimentos gordurosos, moderar o consumo de álcool, abandonar o fumo, praticar exercícios físicos e controlar a diabetes”, conclui Anis.
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