Domo de Ouro | Engenheiro aeroespacial explica novo sistema antimísseis dos EUA

Em maio, o presidente Donald Trump anunciou o projeto Golden Dome (ou “Domo de Ouro”, em tradução livre). Trata-se de um ambicioso plano de defesa de pelo menos U$ 175 bilhões que promete proteger os Estados Unidos contra mísseis balísticos, hipersônicos e até espaciais.

Iain Boyd, professor de ciência da engenharia aeroespacial na Universidade do Colorado, explicou melhor como o projeto ambicioso deve funcionar no céu.

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Em publicação no The Conversation, o professor ressaltou que a China, Rússia e outros desenvolveram mísseis nos últimos anos capazes de ameaçar os sistemas atuais de defesa dos Estados Unidos. No caso, estas nações vêm trabalhando em mísseis balísticos, de cruzeiro e hipersônicos, criados especialmente para combater os avançados sistemas de defesa norte-americanos.


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Claro, os Estados Unidos têm sensores e interceptadores em todo o mundo e até no espaço para proteger seu território e os de aliados destas ameaças. Mesmo assim, seria preciso expandir os sensores e incorporar mais deles no espaço para detectar os mísseis novos, bem como os hipersônicos. E é aqui que entra o chamado Domo de Ouro

O que é o Domo de Ouro?

Basicamente, o Domo de Ouro dos EUA vai ser inspirado no Domo de Ferro, o sistema de defesa aérea de Israel. A diferença é que a versão norte-americana foi projetada para operar em escala maior o suficiente para proteger todo o território dos Estados Unidos contra a ameaça de mísseis avançados. Além disso, o sistema promete ter interceptadores espaciais na órbita da Terra para derrubar mísseis em movimento.  

Então, assim como o Domo de Ferro, o de Ouro deve ter vários sensores e mísseis interceptadores para enfrentar uma variedade maior de ameaças. Para colocar tal proteção nacional em prática, o sistema de defesa iria exigir vários sensores distribuídos de forma global, capazes de cobrir todas as fases das trajetórias dos mísseis. 

“Primeiro, é essencial que o sistema detecte as ameaças de mísseis o mais cedo possível após o lançamento, portanto, alguns dos sensores devem estar localizados próximos a regiões onde os adversários podem dispará-los, como na China, Rússia, Coreia do Norte e Irã. Em seguida, é preciso rastrear os mísseis ao longo de suas trajetórias, à medida que percorrem centenas ou milhares de quilômetros”, explicou o professor. 

O Domo de Our promete um escudo de última geração contra diferentes tipos de mísseis (San Diego Air & Space Museum Archives/VisualHunt)

Para ter papel protetor, o sistema teria que detectar primeiro um míssel hostil e classificá-lo como ameaça. O objeto teria que ser monitorado em toda sua trajetória e seguido por um míssel interceptador, que teria que se aproximar o suficiente do outro para destruí-lo. No entanto, é importante lembrar que não é fácil monitorar um míssel hipersônico de forma contínua.

Domo de Ouro vai funcionar? 

As equipes envolvidas no projeto estão cientes destes desafios, e por isso devem usar os sensores em uma abordagem com camadas variadas. Para isso, os sensores seriam instalados em plataformas no solo, mar, ar e no espaço. Assim, Boyd acrescentou que cada uma delas precisaria ter sensores de diferentes tipos, desenhados especialmente para rastrear ameaças hipersônicas nas diferentes fases das suas trajetórias de voo

Estes sistemas de defesa estariam prontos para enfrentar também as armas disparadas do espaço. Como muito da infraestrutura vai ter propósitos múltiplos, elas poderiam enfrentar tipos variados de mísseis. 

“Em termos de prazo para implementação, é importante observar que o Domo de Ouro será construído a partir do longo legado dos sistemas de defesa antimísseis existentes nos EUA. Outro aspecto importante é que alguns dos novos recursos estão em desenvolvimento ativo há anos. De certa forma, o Domo de Ouro representa o compromisso de implantar de fato sistemas para os quais já houve um progresso considerável”, finalizou. 

Como nem o Domo de Ferro alcança efetividade de 100%, este também deve ser o caso do de Ouro

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