O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou que a reunião emergencial entre Teerã e o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) trouxe “resultados decepcionantes devido à intervenção” dos Estados Unidos.
O ministro iraniano alegou que os EUA atuaram a favor de Israel. Segundo ele, os norte-americanos bloquearam uma resolução que condenaria os ataques contra o Irã.
O encontro ocorre em meio à escalada do conflito entre os países do Oriente Médio. Inimigos de longa data, Irã e Israel intensificaram a troca de ataques nos últimos dias, que deixaram mortos, feridos e danificaram a infraestrutura de ambos os lados.
Durante a sessão, Araqchi criticou a “indiferença” do Conselho de Segurança da ONU em relação à ofensiva no Oriente Médio. Segundo ele, os governos ocidentais “condenaram o Irã em vez de Israel, quando este é o agressor”.
Após a sessão de emergência, Araqchi se reuniu com embaixadores, diplomatas e enviados de organizações internacionais neste domingo (15/6). As informações do encontro foram divulgadas pela Agência de Notícias da República Islâmica (IRNA).
Conflito entre Irã e Israel
- Na última quinta-feira (12/6), as Forças de Defesa de Israel dispararam uma “ofensiva preventiva” contra o programa nuclear do Irã.
- O governo israelense já vinha, antes do ataque, subindo o tom contra contra o regime do aiatolá Ali Khamenei, com ameaças ao programa nuclear.
- Nos últimos anos, o avanço nuclear do Irã incomodou a comunidade internacional. Israel, que é uma potência nuclear, via o avanço como uma ameaça.
- Embora ambos os países sejam rivais históricos, o ataque levou ao aumento da instabilidade no Oriente Médio.
Irã não quer regionalizar conflito
Mais cedo, o ministro anunciou que o Irã não tem interesse em expandir o conflito a países vizinhos. Segundo ele, o país cessaria as ofensivas — que, para Araqchi, são baseadas em legítima defesa — se Israel também parasse de atacar o território iraniano.
Araqchi acusou Israel de querer “arrastar a guerra para além do território iraniano”, e considerou como “um erro estratégico” a movimentação israelense para trazer a guerra até a região do Golfo Pérsico.
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O ministro também acusou o governo de Donald Trump de apoiar as ofensivas de Israel. “É necessário que o governo dos EUA condene o ataque às instalações nucleares e se retire explicitamente deste conflito para provar suas próprias boas intenções”, disse.
Na reunião emergencial do Conselho da ONU, Araqchi indicou que tem “evidências sólidas” de que as forças armadas norte-americanas apoiaram os ataques do “regime sionista” contra o Irã.
Trump negou qualquer ligação com o ataque feito contra o Irã na noite desse sábado (14/6). Ele afirmou que, se os iranianos atacarem os norte-americanos, o exército dos EUA responderá “em níveis nunca antes vistos”.
Mortes no Oriente Médio
Entre a noite desse sábado e madrugada deste domingo, as forças armadas do Irã voltaram a disparar mísseis contra Israel. A nova ofensiva deixou 10 mortos e cerca de 250 feridos. Até o momento, há 13 vítimas e mais de 380 feridos do lado israelense.
Por outro lado, o governo do Irã decidiu interromper a atualização de mortos e feridos no conflito. As informações mais recentes contabilizam pelo menos 78 óbitos, além de 320 pessoas feridas no território iraniano.
Em resposta aos novos bombardeios, as Forças de Defesa de Israel lançaram uma série de mísseis na capital Teerã neste domingo. Os ataques miraram instalações de produção de armas nucleares e navios-tanque de combustível, conforme autoridades.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Irã pagará “um preço muito alto” pela morte de inocentes.
“O Irã pagará um preço muito alto pelo assassinato de mulheres, crianças e civis inocentes – e isso acontecerá em breve”, ameaçou Netanyahu ao visitar o local dos ataques desta madrugada.