Um policial militar contou ao Metrópoles que, dos quatro agentes que participaram da ocorrência que matou um homem em situação de rua na noite da última sexta-feira (13/6), no centro de São Paulo, três eram inexperientes e dois não poderiam sequer estar no local.
Segundo a testemunha ouvida pela reportagem, que preferiu não se identificar, apenas um policial da equipe do 7° Batalhão da PM envolvida na ação era experiente. Inclusive, o agente foi retirado do registro oficial da ocorrência, pois estaria próximo da aposentadoria e um acontecimento como esse poderia atrapalhar seu final de carreira.
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De acordo com o narrado pela testemunha, o cabo mais velho teria ficado na viatura, visto que era o motorista da equipe policial. Desceram do veículo para abordar o homem em situação de rua o policial do banco da frente e outros dois do banco de trás. Dois deles estão em um estágio probatório e não deveriam estar em viaturas da força tática, como era o caso da ocorrência.
O Metrópoles obteve os registros da ação policial. Na primeira versão constam quatro policiais envolvidos na ocorrência, na segunda – versão oficial que é enviada ao governo – estão três. A mudança aconteceu justamente no cabo mais experiente.
A alteração se configura como fraude processual, como explicou o agente ouvido pela reportagem. Para isso acontecer, o batalhão precisou fazer mudanças no esquema de escala da companhia.
Além disso, a testemunha conta que outras viaturas do 7° BPM e do 7° Baep foram ao endereço e alteraram a cena do crime.
Morte de homem em situação de rua
- Na versão oficial da Polícia Militar (PM), confirmada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), o homem em situação de rua foi abordado na noite da última sexta-feira (13/6) em “atitude suspeita”, na Rua das Figueiras, no bairro da Sé, centro de São Paulo.
- Ele reagiu à abordagem e tentou tirar a arma de um dos policiais envolvidos na ocorrência. Neste momento, os outros agentes dispararam na direção dele.
- O homem morreu após ser atingido por três tiros de fuzil. Um na cabeça e dois no tórax.
- Ao Metrópoles, um policial militar que chegou posteriormente a cena do crime contou que não foi bem isso que aconteceu, visto que o homem não teria reagido, além de que tos rês tiros de fuzil teria configurado um caso de excesso.
- A vítima baleada também não estaria armada e os policiais teriam demorado mais que o habitual para acionar o socorro.
- Sobre as câmeras corporais, alguns dos agentes não acionaram o equipamento corretamente ou esconderam as câmeras para não pegar a totalidade da ação. Em relação à essa alegação, a SSP diz que não tem acesso às imagens, mas que elas foram inseridas em um inquérito policial que investiga o ocorrido.
Segundo a pasta, o baleado chegou a ser atendido e foi encaminhado ao PS da Santa Casa de Misericórdia, onde faleceu.
Ainda de acordo com o SSP, a arma do policial foi apreendida e encaminhada à perícia. O caso foi registrado como resistência e morte decorrente de intervenção policial pela Divisão de Homicídios do DHPP. Diligências estão em andamento visando o total esclarecimento dos fatos. Paralelamente, a Polícia Militar apura todas as circunstâncias do caso por meio de Inquérito Policial Militar (IPM).