Testemunha sobre ataque de pit-bull no DF: “Destruíram o rosto dela”

“Destruíram o rosto dela”, disse uma testemunha do caso da mulher de 42 anos atacada por um cão da raça pit-bull, em Águas Claras, na manhã de terça-feira (5/3). O cachorro estava sem focinheira e mordeu o rosto da vítima. Traumatizada, a vítima está em recuperação e sofre com fortes dores.


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O episódio ocorreu na Praça Sabiá, na Quadra 208, de Águas Claras. A vítima estava na calçada, a poucos metros do prédio em que trabalha. Ao ver o cão, ela desviou o foi para a grama. O animal estava com uma guia extensa, sendo conduzido por uma moça. Ela não teria conseguido segurar o animal que avançou contra a vítima.

A mulher caiu e o cão desferiu mordidas, atingindo a região dos olhos. A funcionária ligou desesperada para a patroa. “Me mordeu! Me mordeu! O cachorro me mordeu”.

Durante o atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a vítima gritava de dor. Na sequência, a mulher foi levada ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), mas não conseguiu atendimento. A patroa decidiu levar a funcionária para um hospital particular e pagou R$ 1,6 mil pelas despesas médicas.

O caso foi registrado na Polícia Civil do Distrito Federal. Na sequência, foi ao Instituto Médico Legal (IML), onde passou por exame de corpo de delito para avaliar a gravidade dos ferimentos. Logo depois, foi para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

Sem cartão de vacinação contra raiva

A mulher ficou três horas esperando para saber deveria receber a vacina antirrábica ou não, porque os tutores do pit-bull não forneceram a carteira de vacinação do cão. Para não arriscar a saúde da paciente, a equipe médica aplicou o protocolo como se o cachorro não tivesse sido vacinado.

A princípio, a vítima não perdeu a visão. Mas apenas o resultado do laudo médico poderá determinar saber a extensão dos ferimentos e possíveis sequelas. Nessa quinta-feira (7/3), a vítima acordou com o rosto bastante inchado e com fortes dores ao longos dos locais mordidos pelo pit-bull.

Tutores

Os donos do pit-bull disseram não ter condições de pagar pelo tratamento. No momento do ataque, o cachorro estava com a filha dos tutores do animal, que não conseguia segurar o cão na coleira com firmeza. A responsável pelo cachorro chegou a dizer que a vítima seria a “culpada”, pois teria gritado.

Na hora do ataque, testemunhas não permitiram que a condutora do cão deixasse a situação. A responsável pelo pit-bull, então, chamou a mãe para buscar o animal e levá-lo para casa.

Até a tarde dessa quinta-feira, os tutores não apresentaram pedido de desculpas e não prestaram qualquer apoio à vítima; nem mesmo ofertaram ajuda para a compra de medicamentos.

Lei desrespeitada

O advogado Erick Dantas Caldas assumiu a defesa da mulher mordida pelo pit-bull. Segundo o defensor, a Lei Distrital 2.095/1998 determina o uso obrigatório de focinheira e guia para cães de ataque ou guarda.

“Esses animais têm que sempre andar na rua com focinheira e guia. Não tem dúvida sobre isso. A Lei é clara”, assinalou.

O que diz a Lei?

§ 1º É permitida a permanência de cães nas vias e logradouros quando portadores de registro e conduzidos com coleira e guia, por pessoas com tamanho e força necessários para mantê-los sob controle.

§ 2º Cães de grande porte, de raças destinadas a guarda ou ataque, usarão focinheira quando em trânsito por locais de livre acesso ao público.

Segundo Dantas, a moça que guiava o pit-bull não tinha condições físicas de guiar o cachorro. “Lei de Contravenções Penais diz que pessoa que está conduzindo o animal tem que ter condições de estar com o animal”, completou.

Alerta

Segundo o presidente da Associação de Moradores e Amigos de Águas Claras (Amaac), Román Cuattrin, o episódio acendeu o alerta para os cuidados com animais. Em Águas Claras, é comum flagrar cães, de diversos portes, sem focinheira e guia pelas ruas.

“Verificamos muitos tutores andando com seus pets sem os devidos cuidados para uma convivência pacífica. Focinheira, coleira, recolhimento das fezes e vacinação em dia são cuidados essenciais. Mas quem fiscaliza isso?”, alertou.

PCDF

A PCDF investiga a ocorrência como lesão corporal culposa – não intencional – e omissão de cautela na guarda ou na condução de animais.

A corporação informou que a tutora do cachorro ainda não forneceu a carteira de vacinação do cão, mesmo após ter sido alertado por duas vezes quanto à necessidade da documentação para seguir com protocolos necessários.

 

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