Maioria do eleitorado no Brasil, mulheres ocupam menos cargos públicos

Correspondendo a 52,7% do eleitorado, as mulheres estão longe de ocupar, em proporções semelhantes aos homens, espaços políticos no Brasil. De 2020 a 2023, o país apresentou um aumento significativo na representatividade feminina em cargos de poder público, mas esse grupo ainda não tem destaque no Congresso Nacional e no governo federal como em outras nações.

É o que mostra a pesquisa Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (8/3), Dia Internacional da Mulher.

Mesmo com o aumento recente da representatividade na Câmara dos Deputados, passando de 14,8% (em setembro de 2020) para 17,9% (em novembro de 2023), o Brasil está na 133ª posição em um ranking com dados de 186 países, que avalia a proporção de parlamentares mulheres em exercício em seus respectivos governos.

O país ficou é o último colocado entre os países da América Latina e fica atrás de nações como Ruanda (1º), Cuba (2º), México (5º), Costa Rica (9º), Bolívia (11º), Argentina (17º), Equador (22º), Canadá (62º) e Estados Unidos (70º).

Veja o ranking completo aqui.

Mais mulheres no primeiro escalão de Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou o terceiro mandato com o primeiro escalão de maior presença feminina da história, desde a redemocratização do Brasil, em 1985.

À época com 37 ministérios, as mulheres ocupavam 11 pastas. No período de um ano, duas ministras foram trocadas por homens e mais uma pasta foi criada.

Segundo o IBGE, até 24 de novembro de 2023, dos 38 cargos ministeriais, apenas nove eram ocupados por mulheres:

  • Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial
  • Cida Gonçalves, ministra das Mulheres
  • Esther Dweck, ministra da Gestão e Inovação
  • Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia
  • Margareth Menezes, ministra da Cultura
  • Marina Silva, ministra do Meio Ambiente
  • Nísia Trindade, ministra da Saúde
  • Simone Tebet, ministra do Planejamento
  • Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas

Em comparação com 2020, ainda durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), quando o número de mulheres em cargos ministeriais era de 8,7%, o ano passado teve um índice mais representativo e chegou a 23,7%.

De acordo com a pesquisa, “as mulheres seguem sub-representadas nesse importante espaço de liderança no planejamento e execução de políticas públicas em nível nacional”.

Prefeitas e vereadoras

Em pleno ano de eleições municipais, o Brasil chega com baixa representatividade feminina em prefeituras e nas Câmaras de Vereadores.

Das 58.142 cadeiras para vereadores, 9.350 são ocupadas por mulheres — representando apenas 16,1% dos cargos. O número é ainda menor entre as prefeitas: dos 5.497 postos, apenas 663 são de mulheres — chegando a 12,1%.

No Brasil, o Amapá e o Espírito Santo são os únicos estados com apenas uma mulher eleita para o executivo municipal. São elas: Beth Pelaes (DEM-AP), prefeita de Pedra Branca do Amapari, e Ana Izabel Malacarne (DEM-ES), prefeita de São Domingos do Norte.

Vereadoras:

  • Maior representatividade feminina: na Região Sul (17,6%). O destaque vai para as unidades da federação (UF) do Rio Grande do Norte (21,6%) — 357 vereadoras para 1.654 cadeiras — e Acre (20,8%) — 48 vereadoras para 231 cadeiras.
  • Menor representatividade: na Região Sudeste (14,2%). O destaque negativo é das seguintes UFs: Rio de Janeiro (10%) — 118 vereadoras para 1.184 cadeiras — e Espírito Santo (10,8%) — 93 vereadoras para 860 cadeiras.

Prefeitas:

  • Maior representatividade feminina: Nordeste (17%). Se destacam: Roraima (26,7%), com 4 prefeitas para 15 cargos, e Rio Grande do Norte (22,4%), com 37 perfeitas para 165 cargos.
  • Menor representatividade: Sudeste (8,2%). Se destacam negativamente: Espírito Santo (1,3%), com 1 prefeita para 77 cargos, e Amapá (6,3%), com 1 prefeita para 16 cargos.
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