Anfíbio produz leite e deixa filhotes comerem sua pele

Um novo estudo brasileiro publicado na Science revela novas informações sobre uma espécie de anfíbio pouco estudada: Siphonops annulatus. O animal, que é semelhante a um verme, costuma alimentar seus filhotes com a própria pele.

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O anfíbio Siphonops annulatus não possui membros e habita regiões tropicais. Conforme aponta o estudo, a prole consome ativamente a pele da mãe após a eclosão dos ovos. No entanto, os pesquisadores também perceberam que os filhotes sempre tinham o estômago cheio de líquido.

Essa é apenas uma das provas de que até mesmo nas espécies que menos imaginamos, há um cuidado dos pais para com os filhotes. O mesmo já foi mostrado através de vermes que sacrificam a própria vida para alimentar os filhos, por exemplo.


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Essa nova descoberta sugere que a substância que os filhotes consomem ao comer a pele da mãe possui um importante valor nutricional. Para o estudo, os cientistas analisaram 16 fêmeas adultas com quatro a 13 filhotes — todas coletadas em Ilhéus, na Bahia.

De acordo com o estudo, as espécie não se alimenta enquanto cuida de seus filhotes, e a pele ainda muda de cor para refletir a produção do “leite”, que na verdade é um produto à base de lipídios para a alimentação cutânea.

Comunicação inédita

Outra descoberta do estudo: os filhotes da espécie produziam um som agudo, e em resposta a mãe levantava deixava a cloaca em evidência e produzia uma substância espessa e pegajosa de leite transparente, c onsumida pelos filhotes. 

Os pesquisadores reconhecem que esse tipo de comunicação entre mãe e prole nunca foi observado em nenhuma outra espécie de anfíbio. Abaixo, é possível conferir o vídeo da interação:

 

Ao analisar o comportamento da espécie, o grupo também descobriu que esses filhotes competem entre si pelo leite materno.

“Mostramos que as fêmeas Siphonops annulatus fornecem leite igualmente rico em lipídios aos filhotes durante o cuidado parental. Observamos que durante dois meses, os bebês ingeriram leite liberado pelo respiradouro materno aparentemente em resposta à estimulação tátil e acústica”, diz a análise.

“O leite, composto principalmente de lipídeos e carboidratos, origina-se das glândulas hipertrofiadas do epitélio do oviduto materno. Nossos dados sugerem lactação nesta espécie ovípara não mamífera e ampliam o conhecimento sobre cuidado parental e comunicação”, conclui o estudo sobre o anfíbio.

Leia a matéria no Canaltech.

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