Sala das Lágrimas: conheça a sala misteriosa do Vaticano

Sala das Lágrimas: conheça a sala misteriosa do Vaticano

Sala das Lágrimas: conheça a sala misteriosa do Vaticano – Foto: Divulgação/Vaticano/ND

Atrás da parede do monumental afresco do Juízo Final, na Capela Sistina, há uma porta quase imperceptível à esquerda do altar. Por ela, o cardeal recém-eleito Papa entra sozinho na chamada “Sala das Lágrimas”.

É ali, longe dos olhos do mundo, que o novo Pontífice tem os primeiros minutos para si, antes de vestir a batina branca e iniciar uma nova missão espiritual.

A sala contrasta com a riqueza visual da Sistina: é pequena, austera, de cores sóbrias. Com poucos móveis, uma mesa, duas cadeiras, um sofá vermelho, ela guarda em suas paredes fragmentos de afrescos e um silêncio quase sagrado. Nesse espaço íntimo, tradição e transcendência se encontram.

Sala das Lágrimas

Na Sala das Lágrimas, o Papa troca suas vestes cardinalícias por uma das três batinas brancas preparadas previamente, em tamanhos distintos. Mas esse gesto simbólico é mais do que uma formalidade.

“Ali o Papa toma consciência do que ele se tornou, do que ele será dali em diante”, explica monsenhor Marco Agostini, mestre de cerimônias pontifícias.

É nesse momento que o novo Pontífice compreende que a função que assume é maior do que sua pessoa. O título de Papa exige não apenas uma nova veste, mas uma transformação interior.

“O Papa aprende todos os dias a morrer para si, para que o ofício emerja, para que o Vigário de Cristo se revele”, resume Agostini.

A Sala das Lágrimas é o primeiro passo do Papa rumo ao ministério petrino

Sala das Lágrimas: o ambiente inspira recolhimento, oração e muitas vezes, lágrimas – Foto: Divulgação/Vaticano/ND

O nome da sala e o peso da missão

O nome Sala das Lágrimas remonta a um episódio de 1590, quando o Papa Gregório XIV chorou ali, tomado pela emoção ao ser eleito. O ambiente inspira recolhimento, oração e muitas vezes, lágrimas. “É um espaço muito pequeno, mas de um simbolismo gigantesco”, afirma Agostini.

Ao atravessar aquela porta, o eleito deixa de ser apenas um cardeal. Passa a ser Vigário de Cristo, Sucessor de Pedro ou, nas palavras de Santa Catarina de Sena, “o doce Cristo na terra”. É um momento de intimidade com Deus e com a própria consciência, marcado pela fé e pelo silêncio.

Um gesto silencioso

O novo Papa é auxiliado pelo mestre de cerimônias enquanto veste a batina. Depois, retorna à Capela Sistina, agora transformado, para ser apresentado ao mundo. “Atravessar a porta da Sala das Lágrimas muda a vida de um homem para sempre”, conclui monsenhor Agostini.

Em tempos como o Jubileu da Esperança, em que atravessar a Porta Santa simboliza uma mudança de vida, essa tradição ganha ainda mais força. A Sala das Lágrimas é o primeiro passo do Papa rumo ao ministério petrino, onde fé, humildade e responsabilidade se entrelaçam em silêncio, sob o olhar eterno de Michelangelo.

Sala das Lágrimas: o ambiente inspira recolhimento, oração e muitas vezes, lágrimas

A Sala das Lágrimas é o primeiro passo do Papa rumo ao ministério petrino – Foto: Divulgação/Vaticano/ND

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