Brasília – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou mais uma tentativa da defesa de Jair Bolsonaro de adiar as audiências sobre a trama golpista que tentou melar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente alegava precisar de mais tempo para analisar provas recém-anexadas ao processo, mas o argumento foi considerado irrelevante.
Segundo Moraes, os documentos adicionais não alteram o que já está escancarado: a denúncia aceita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro por tentativa de golpe segue intacta, sólida e respaldada por provas robustas. Com isso, os depoimentos começam já nesta segunda-feira, dia 20, com figuras de peso do bolsonarismo na berlinda.
Moraes rejeita manobra protelatória
Em decisão publicada nesta sexta-feira (17), Moraes afirmou que os documentos incluídos recentemente “em nada alteram os fatos imputados na acusação”. Ou seja: não há desculpa que segure o avanço da investigação. O processo segue seu curso, e as oitivas das testemunhas continuam conforme o cronograma já definido pelo STF.
Além disso, o ministro reforçou que o conteúdo já disponível é suficiente para manter Bolsonaro no banco dos réus por sua atuação direta na tentativa de romper a ordem democrática.
Militares e aliados começam a ser ouvidos
As audiências se iniciam nesta segunda (20) com o depoimento dos ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Almeida Baptista Junior (Aeronáutica). Ambos já haviam declarado à Polícia Federal que receberam de Bolsonaro uma proposta explícita de ruptura institucional após sua derrota nas urnas.
Na sequência, será ouvido o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), outro personagem citado nas engrenagens da articulação golpista.
Tarcísio, Guedes, Mourão e cia na fila
Outros nomes de alto escalão do bolsonarismo também devem prestar depoimento nos próximos dias:
- Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo
- Paulo Guedes, ex-ministro da Economia
- Hamilton Mourão, senador (Republicanos-RS)
- Ciro Nogueira, senador (PP-PI)
- Rogério Marinho, senador (PL-RN)
Todos tiveram participação central no governo e foram mencionados em investigações paralelas que apontam para a tentativa de sabotar o resultado das eleições de 2022.
Colaboração de Mauro Cid reforça denúncia
No dia 22, será a vez das testemunhas indicadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator premiado. Entre os citados está o general Júlio Cesar de Arruda, que chegou a comandar o Exército no início do governo Lula e foi figura-chave nas primeiras semanas da transição democrática.
O processo, que já colocou Bolsonaro oficialmente no banco dos réus por tentativa de golpe de Estado, avança agora com o objetivo de consolidar provas para o julgamento de mérito no STF.
O post Moraes derruba manobra de Bolsonaro para travar depoimentos apareceu primeiro em Diário Carioca.
