São Paulo – Dezenas de pessoas enfrentavam uma espera de até três horas para receber atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Jaguara, na zona oeste da cidade, na tarde desta segunda-feira (18/3). A lotação é resultado da epidemia de dengue que atinge o bairro, que tem 1.245 casos confirmados da doença e uma incidência de 5.240 infecções a cada 100 mil habitantes.
Com a filha de 2 anos no colo, Ingrid Santos da Silva, 35, esperava há duas horas para fazer o teste de dengue na criança. A menina chegou ao local com 39ºC de febre, recebeu medicação, mas ainda não tinha conseguido fazer o exame para a doença duas horas depois de entrar na UBS.
“Uma senhora estava há duas horas sentada esperando [atendimento] aqui. Quando foram atender ela, ela passou mal”, afirma a diarista. A idosa, segundo Ingrid, desmaiou e precisou ser socorrida pela equipe médica do local.
Com sintomas como dor atrás dos olhos e nas articulações, Sonia Souza de Oliveira, 43, também esperava para passar com o médico na UBS. “Tô há mais de três horas [aqui]”, disse a dona de casa.
Por causa da demora, Sonia conta que chegou a sair do posto, ir em casa buscar os filhos e voltar ao local. As crianças esperavam com ela enquanto não começava o horário das aulas – a escola fica em frente ao posto de saúde.
Sonia afirma que estava com sintomas da doença há uma semana. “Eu achei que fosse uma gripe. Fui esperando, na expectativa de que fosse uma gripe, e foi só piorando”, conta.
Ela diz que foi à UBS na última sexta-feira (15/3), mas ouviu dos funcionários que não tinha mais testes disponíveis para confirmar se estava ou não infectada. Nesta segunda-feira (18/3), os testes já tinham sido repostos no local.
A Vila Jaguara lidera o ranking de distritos com epidemia de dengue em São Paulo. Apesar do índice, o Metrópoles ouviu de moradores da região que a Prefeitura não tem feito incursos na Comunidade da Fazendinha, que fica no bairro, para conscientizar a população local sobre as medidas de prevenção contra a doença.
O Metrópoles questionou a gestão Ricardo Nunes (MDB) sobre o tema, mas não foi respondido até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
Sintomas da dengue
Os sintomas da dengue podem variar de leves a graves e geralmente aparecem de 4 a 10 dias após a picada do mosquito infectado. As manifestações clínicas incluem:
- Febre alta: a temperatura corporal pode atingir valores significativamente elevados, geralmente acompanhada de calafrios e sudorese intensa;
- Dor de cabeça intensa: a dor é geralmente localizada na região frontal, podendo se estender para os olhos;
- Dores musculares e nas articulações: sensação de desconforto e dor, muitas vezes referida como “quebra ossos”;
- Náuseas e vômitos: podem ocorrer, contribuindo para a desidratação;
- Manchas vermelhas na pele: conhecidas como petéquias, essas manchas podem aparecer em diferentes partes do corpo;
- Fadiga: uma sensação geral de fraqueza e cansaço persistente.

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A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente à morte
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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias
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A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos
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No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses
micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles — ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes
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Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos
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No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte
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Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue
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Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão
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Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada
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Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas
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Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas
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Tratamento
O tratamento da dengue visa aliviar os sintomas e garantir a recuperação do paciente. Algumas medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde incluem:
- Hidratação adequada: a ingestão de líquidos é fundamental para prevenir a desidratação, especialmente durante os períodos de febre e vômitos;
- Uso de analgésicos e antitérmicos: medicamentos como paracetamol podem ser utilizados para reduzir a febre e aliviar as dores;
- Repouso: descanso é essencial para permitir que o corpo combata o vírus de maneira mais eficaz;
- Acompanhamento médico: em casos mais graves, é crucial procurar assistência médica para monitoramento e tratamento adequado;
- Evitar automedicação: o uso indiscriminado de alguns medicamentos, como anti-inflamatórios não esteroides (aines) e aspirina, pode agravar o quadro clínico, sendo contraindicado na dengue.
Prevenção da dengue
Além do tratamento, a prevenção da dengue é crucial. Medidas como eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, uso de repelentes, telas em janelas e portas, além da conscientização da população sobre a importância dessas práticas, são enfatizadas pelo Ministério da Saúde.