Júpiter não tem superfície. Então como seria descer pelo planeta?

Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, é um mundo do tipo gigante gasoso. Portanto, lá não existe terra firme para caminhar e nem para uma espaçonave pousar. Então, se Júpiter não tem superfície, o que existe por lá? É o que explica Benjamin Roulston, professor assistente na Universidade de Clarkson, nos Estados Unidos.

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Encontrado entre as órbitas de Marte e Saturno, Júpiter é o quinto planeta em relação ao Sol e é tão grande que comportaria facilmente mais de mil planetas Terra — e, sim, ainda sobraria espaço.

Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, fica entre Marte e Saturno (Imagem: Reprodução/NASA)

Enquanto Mercúrio, Vênus, Terra e Marte são planetas rochosos e de material sólido, Júpiter é um gigante gasoso com composição parecida com a do Sol. “É uma bola tempestuosa e turbulenta de gás”, descreveu Roulston. 


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Para entender o que aconteceria se você mergulhasse pela atmosfera de Júpiter, vamos começar imaginando o processo na Terra: se você estivesse no topo da atmosfera do nosso planeta, poderia descer por cerca de 100 km, notando um aumento gradual na pressão atmosférica. 

Em algum momento, você iria chegar à superfície — seja ela sólida ou líquida. Mas, em Júpiter, tudo muda.

Como seria mergulhar em Júpiter

Em Júpiter, a viagem do topo da atmosfera do planeta começaria por camadas atmosféricas repletas de hidrogênio e hélio. “Assim como na Terra, a pressão aumenta quanto mais fundo você vai. Mas em Júpiter, a pressão é imensa”, observou o professor. 

E não pense que o passeio seria agradável. “À medida que as camadas de gás acima de você descem cada vez mais, é como estar no fundo do oceano — mas, em vez de água, você está cercado de gás. A pressão fica tão intensa que o corpo humano iria implodir; você seria esmagado”, explicou ele. 

Representação 3D do topo das nuvens de Júpiter (Imagem: Reprodução/NASA / JPL-Caltech / SwRI / MSSS / Gerald Eichstädt)

Seguindo viagem por mais 1.600 km, o gás quente e denso ali começaria a se comportar de uma forma estranha, se transformando em hidrogênio líquido. Aliás, o gás por lá é tanto que poderia criar o maior oceano (sem água líquida) em todo o Sistema Solar! Após descer por outros 32 mil quilômetros, o hidrogênio começaria a se comportar como metal líquido, com átomos tão agrupados que seus elétrons ficam dispersos. 

Segundo o professor, as transições entre estas camadas também aconteceriam de forma gradual. A próxima etapa é alcançar o núcleo de Júpiter, a região central do planeta. Ainda não se sabe exatamente o que existe por lá, mas os cientistas suspeitam que o núcleo é feito de uma mistura de líquidos e sólidos quentes e densos, possivelmente metálicos. 

Se uma espaçonave tentasse alcançar o núcleo de Júpiter, ela teria que encarar pressão equivalente a 100 milhões de vezes a da atmosfera terrestre e cerca de 20.000 ºC. “Isso é três vezes mais quente que a superfície do Sol”, destacou. 

Mas não leve Júpiter a mal, pois o gigante gasoso é como um escudo para a Terra e os demais planetas rochosos: como sua gravidade é intensa, Júpiter alterou a órbita de asteroides e cometas nos últimos bilhões de anos. Sem este vizinho cósmico, é possível que alguma destas rochas espaciais tivesse atingido nosso planeta.

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