O que são microplásticos, ftalatos, PFAS e BPA?

Mesmo que você não saiba o significado de ftalatos, PFAS (ou produtos químicos eternos), BPA e microplásticos, estas substâncias estão no ar, na água, em alguns alimentos que consumimos e, dependendo do caso, dentro do nosso próprio organismo. Eles compõem diferentes grupos de produtos químicos ou partículas usados na indústria para a produção dos mais diferentes produtos. São potencialmente tóxicos.

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Dependendo do caso, podem ser utilizados na fabricação de utensílios de cozinha, embalagens de alimentos e outros produtos que quase sempre contêm algum tipo de plástico na composição.

A ciência tem avançado na compreensão dos efeitos desses componentes no corpo humano e no meio ambiente, mas os riscos à saúde ainda não são totalmente compreendidos. Por outro lado, já se sabe que é imprescindível evitar o descarte incorreto de qualquer material na natureza, o que pode limitar muitas complicações.


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O que são microplásticos?

O material mais conhecido da lista é, muito provavelmente, o microplástico. Por definição, é uma partícula plástica com menos de 5 milímetros. Se este fragmento for muito menor (menos de 1 micrômetro), é classificado como nanoplástico. Na maioria dos produtos modernos, eles compõem a base da estrutura, sem conferir flexibilidade, rigidez, durabilidade e resistência à água ou à gordura, mas compostos químicos com essas habilidades podem ser agrupados a ele.

O problema é que o plástico, como uma garrafa descartável, vai se fragmentando ao longo do tempo, quando não é corretamente descartado e reciclado. Esse processo de decomposição libera centenas de milhares de partículas que invadem o ambiente e chegam até o sangue humano, como apontam estudos recentes. Em casos mais raros, podem ser adicionados intencionalmente aos produtos, como grama sintética e alguns tipos de detergentes (aqui, é considerado um agente abrasivo).

O que é BPA?

O bisfenol A (BPA) é o membro mais conhecido do grupo bisfenol, usado na fabricação de plásticos “duros” (como policarbonatos) que compõem recipientes de armazenamento, “capas” de produtos eletrônicos e garrafas de água mais resistentes. Também pode ser usado para criação de resinas, como a epóxi, adotado no revestimento do interior de canos de água, tampas de garrafa e latas de alimentos. 

Microplásticos, ftalatos, PFAS e BPA podem ser encontrados em diferentes produtos e, em alguns casos, têm risco para a saúde, o que alerta para o perigo do descarte incorreto (Imagem: Unsplash/Naja Bertolt Jensen)

Devido aos riscos, o BPA não é mais usado em alguns utensílios desenvolvidos para bebês, como mamadeiras. Nestes casos, os rótulos normalmente destacam que o produto não contém o composto, como “BPA free” (livre de BPA). 

O que são ftalatos?

De modo inverso ao BPA, os ftalatos representam um conjunto de substâncias que torna o plástico flexível e durável. Entre eles, o mais conhecido é o di-etil-hexil-ftalato, de uso comum na fabricação do policloreto de vinila (PVC). Alguns desses compostos são usados em esmaltes, onde aumentam a resistência e a durabilidade da pintura. Também podem ser encontrados em determinados shampoos, sabonetes, cosméticos, utensílios médicos e copos plásticos. 

Novamente, alguns ftalatos já foram restritos na indústria, conforme as evidências de risco à saúde surgiram, como em materiais destinados a crianças pequenas. Em alguns casos, há rótulos indicando quando não estão presentes na composição

O que são PFAS?

Diferente dos outros três grupos de produtos, os “produtos químicos eternos”, também conhecidos como substâncias per e polifluoroalquil (PFAS), não estão obrigatoriamente ligados aos plásticos e podem ser adicionados na composição de outros materiais para conferir resistência à água e a manchas, além das aplicações antiaderentes. Por isso, são comuns em panelas antiaderentes, móveis resistentes à água, maquiagens à prova d’água, embalagens de alimentos e espuma de combate a incêndios.

Como o próprio nome já diz, os PFAS levam muito tempo para entrar em decomposição e, assim, acumulam no ambiente por tempo indeterminado. Inclusive, já foram encontrados na da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. Os dois exemplos mais comuns de químicos eternos são: ácido perfluorooctanóico (PFOA) e perfluorooctanossulfonato (PFOS).

Riscos para a saúde

Os riscos para a saúde envolvendo essa lista de compostos químicos e partículas varia, com diferentes desdobramentos. Por exemplo, há evidências de que os micro e os nanoplásticos possam elevar os níveis de inflamação no corpo. Em aves, o material plástico pode causar feridas e inflamações crônicas no trato digestivo, desencadeando um quadro conhecido como plasticose. 

Já os ftalatos foram associados (com diferentes níveis de evidências científicas) com desreguladores do sistema endócrino, já que podem simular os efeitos de alguns hormônios, além de ligações com o diabetes. As pesquisas indicam que o BPA também pode desempenhar um papel semelhante no sistema endocrino. 

Enquanto isso, os produtos químicos eternos (ou PFAS) estão relacionados com uma resposta imune prejudicada e outras complicações. Entretanto, a ciência ainda precisa aprofundar mais no entendimento desses riscos, o que deverá tornar os produtos cada vez mais seguros para os humanos e para o meio ambiente.

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