Pesquisadora da UFSCar conquista bolsa internacional para estudar Alzheimer

Pesquisadora da UFSCar conquista bolsa internacional para estudar AlzheimerAssessoria

A pesquisadora Patrícia Manzine, do Laboratório de Biologia do Envelhecimento (LABEN), do Departamento de Gerontologia (DGero) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foi selecionada para receber bolsa de pós-doutorado do programa Marie Skłodowska-Curie Actions (MSCA ), vinculado à Fundação Marie Curie. Durante um ano, Patrícia vai desenvolver pesquisas sobre microRNAs atuantes na regulação de uma proteína associada à Doença de Alzheimer (DA), visando a detecção desses elementos via biossensores. O financiamento da pesquisa é de cerca de € 90 mil, integrando a bolsa e outros custos do projeto, e parte do estudo será realizada em parceria com o LABEN da UFSCar. O MSCA é a principal iniciativa de financiamento de pesquisa na União Europeia nos níveis de doutorado e pós-doutorado. A bolsa é projetada para promover a excelência e a inovação científica, possibilitando que pesquisadores conduzam estudos de ponta e ampliem a mobilidade entre instituições de renome internacional. “A visibilidade e o prestígio associados a uma bolsa da Fundação Marie Curie podem contribuir para a carreira do pesquisador, facilitando futuras oportunidades e colaborações”, destaca Patricia Manzine. Pesquisa O projeto, intitulado mirADAM, será conduzido na Universidade de Barcelona (Espanha), sob supervisão de Antoni Camins Espuny, em parceria com o LABEN, coordenado por Márcia Cominetti, docente da DGero. O projeto tem o intuito de explorar e validar microRNAs – pequenas moléculas de RNA – que podem desempenhar papel fundamental na regulação da ADAM10, proteína que o LABEN vem se dedicando a pesquisar desde 2010. “Esses microRNAs podem estar desregulados no sangue de pessoas com DA e, também, daqueles que possuem diabetes mellitus tipo 2. A pesquisa pretende avaliar o potencial de grupos específicos de microRNAs como biomarcadores auxiliares no diagnóstico e prognóstico do Alzheimer, girando a aplicação dessas descobertas em biossensores eletroquímicos”, explica a pesquisadora.

O uso de biossensores é uma inovação essencial para a detecção precoce de doenças neurodegenerativas e tem sido foco do trabalho de grupo de pesquisa liderado pelo professor Ronaldo Censi Faria, do Departamento de Química da UFSCar, dedicado ao desenvolvimento dessas ferramentas avançadas de diagnóstico. “Desde 2017, colaboramos com o grupo na busca de moléculas com potencial diagnóstico para demências, o que já gerou uma patente brasileira na área”, pontua um pesquisadora do LABEN.

Ela explica que a tecnologia dos biossensores permite, com uma pequena amostra de sangue, que os microRNAs sejam capturados e medidos com o auxílio de partículas magnéticas e sensores aplicados, utilizando materiais de baixo custo, muitos deles originados no mercado nacional. “Isso resulta em um exame acessível, estimado entre R$3 e R$10 por amostra, pouco invasivo e viável para análises de rotina”, compartilha.

A expectativa do estudo é “que os microRNAs que atuem na regulação gênica da ADAM10 possam ser alterados em pessoas com doença de Alzheimer e que também possam ser detectados via biossensores, de modo a auxiliar e facilitar o diagnóstico e o prognóstico desta demência”. Atualmente, o diagnóstico da DA exige exames clínicos especializados e caros, como tomografias e ressonâncias magnéticas, que detectam a doença apenas em intervenções intermediárias e avançadas. “O biossensor não visa substituir esses métodos, mas complementar o diagnóstico ao fornecer uma ferramenta de análise mais acessível e prática. Em um horizonte de médio a longo prazo, a intenção é investigar os microRNAs em pessoas com alterações cognitivas níveis, mas sem diagnóstico de demência, com o objetivo de desenvolver estratégias que permitam intervenções precoces e potencialmente capazes de desacelerar a progressão do Alzheimer”, aponta Manzine sobre o futuro do atual estudo.

Patricia Manzine aponta que a oportunidade de bolsa concedida pela Fundação Marie Curie permitirá a utilização de amostras recebidas de um centro de pesquisa de alta qualificação para o diagnóstico de demências. “Além disso, poderemos desenvolver o projeto com colaborações internacionais em centros de excelência”, complementa a pesquisadora.

Para Marcia Cominetti, a conquista da bolsa marca a dedicação de Patricia Manzine ao longo de 14 anos na área e reforça o papel da ciência brasileira da UFSCar no cenário internacional, promovendo colaborações essenciais para avanços na saúde pública. “Ao desenvolver ferramentas de diagnóstico eficaz e eficaz, o projeto contribui para a criação de soluções que poderão transformar o atendimento e a qualidade de vida das populações que vivem com doenças neurodegenerativas, oferecendo novas perspectivas para a saúde pública e para a ciência mundial”, celebra a coordenadora do LABEN.

Fonte: São Carlos Agora. Leia o artigo original: Pesquisadora da UFSCar conquista bolsa internacional para estudar Alzheimer

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