Por que algumas cores ficam diferentes durante o eclipse solar?

O aguardado eclipse solar total está se chegando. Na segunda-feira (8), quem estiver na faixa da totalidade, que se estende do México até o Canadá, vai experimentar alguns minutos de escuridão durante o dia, proporcionados pela Lua escondendo o Sol. A dica para o momento é, claro, ficar de olho no céu — e, se possível, vestir roupas nas cores vermelho e verde.

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A sugestão pode até parecer inusitada, mas há um motivo científico por trás dela. É que, durante a totalidade do eclipse, nossos olhos vão perceber as cores de um jeito diferente: o que for vermelho vai ficar escuro, mas o verde e azul vão permanecer vibrantes. E uma ótima forma de observar esta mudança é nas roupas! 

Takeshi Yoshimatsu, pesquisador das cores na visão na Universidade de Washington, explica que dois processos estão por trás da alteração. O primeiro deles são as interações entre a luz e a atmosfera da Terra.


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Primeiro, vale lembrar que a luz do Sol é feita de vários comprimentos de onda, que formam as sete cores do arco-íris. Em um dia ensolarado, as partículas e gotas d’água suspensas na atmosfera dispersam a luz que passa por elas. 

A luz solar, branca, é feita por sete cores diferentes, que podem ser separadas com a ajuda de um prisma (Imagem: Reprodução/Daniel Roberts/Pixabay)

Como os comprimentos de onda do azul são mais curtos, eles são mais dispersos do que os do vermelho, o que significa que mais luz vermelha chega ao solo por meio da luz solar direta. Por isso, os objetos iluminados pelo Sol tendem a ter tons de vermelho mais vibrantes que o azul, por exemplo. 

Efeito Purkinje no eclipse solar

O outro processo por trás da mudança das cores durante o eclipse solar é o Efeito Purkinje, relacionado aos primeiros estudos sobre a visão. Tudo começou quando o anatomista tcheco Jan Evangelista Purkyně fez uma caminhada ao amanhecer. Ele percebeu que, naquele momento do dia, as cores das flores pareciam diferentes daquelas que ele via durante a tarde.

Purkyně suspeitou que isso ocorria porque nossos olhos deveriam ter dois sistemas para observar as cores. Hoje, sabemos que ele estava pertinho de entender os mecanismos em nossos olhos: nossa visão funciona com os cones e bastonetes, receptores que ficam na retina e atuam de formas bem distintas.

A mudança das cores durante o eclipse só é visível se o observador usar alguma proteção nos olhos, como óculos apropriados (Imagem: Reprodução/National Park Service)

Quando está escuro, os bastonetes entram em ação; eles não são eficientes para identificar cores e têm baixa precisão espacial. Por outro lado, quando o ambiente está claro, é a vez de os cones funcionarem, trazendo alta resolução espacial e identificação das cores.

Mas, durante o amanhecer ou entardecer, as condições de iluminação são intermediárias, e aí os cones e bastonetes ficam ativos. É o que vai acontecer durante a totalidade do eclipse: o céu vai escurecer de forma repentina, sem dar tempo para os olhos se ajustarem à transição gradual que acontece quando o Sol nasce ou se põe. 

Neste momento, os tons de verde vão ficar mais brilhantes, e os de vermelho, mais escuros — daí a sugestão para as roupas. “Somente as pessoas que estiverem usando óculos [de eclipse] serão capazes de perceber [o efeito de Purkinje], disse Rafal Mantiuk, cientista da computação e da visão na Universidade de Cambridge. “Se você não estiver usando óculos, não estará escuro o suficiente”, observou.

Além disso, como o efeito é puramente fisiológico, não dá para registrá-lo em fotos. Por fim, vale lembrar que, embora eclipses solares totais sejam incríveis, só é possível observá-los sem proteção durante a etapa total. Assim que a Lua começar a se afastar do disco solar, é preciso proteger os olhos para evitar danos à visão. 

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