Covid: promessa de Doria, ButanVac custou R$ 61,4 mi e falhou em teste

Promessa do ex-governador de São Paulo João Doria contra a Covid, o desenvolvimento da vacina ButanVac custou R$ 61,4 milhões ao Instituto Butantan. O imunizante falhou em testes, que foram interrompidos em agosto, pois a vacina não se mostrou eficaz na produção de anticorpos.

O valor inclui os gastos com ensaios clínicos – para avaliar eficácia e segurança da ButanVac – e com a fabricação. A coluna obteve as informações via Lei de Acesso à Informação (LAI).

A instituição, responsável por abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS) com diversas vacinas, salienta que o montante a ajudou a se aperfeiçoar para desenvolver novos imunizantes:

“Esse investimento não se restringiu apenas à ButanVac, mas também contribuiu para o avanço do processo tecnológico e industrial, o que permite a produção de outras vacinas. Dessa forma, os recursos aplicados nessa pesquisa ajudaram e ajudam, até hoje, a aprimorar a infraestrutura e as capacidades do Butantan para o desenvolvimento de futuras vacinas”, informou à coluna via LAI.

8 imagens

Governador de São Paulo, João Doria, mostra a Butanvac

Equipe apresenta a Butanvac
Butantan diz que a produção da vacina é 100% brasileira
Anvisa recebeu pedido para estudo da Butanvac
Butantan produziu mais de 10 milhões de dose, mas Butanvac ainda está em fase de estudos
1 de 8

João Doria e Butanvac

Reproduç!ao/YouTube

2 de 8

Governador de São Paulo, João Doria, mostra a Butanvac

Fábio Vieira/Metrópoles

3 de 8

Equipe apresenta a Butanvac

Fábio Vieira/Metrópoles

4 de 8

Butantan diz que a produção da vacina é 100% brasileira

Fábio Vieira/Metrópoles

5 de 8

Anvisa recebeu pedido para estudo da Butanvac

Fábio Vieira/Metrópoles

6 de 8

Butantan produziu mais de 10 milhões de dose, mas Butanvac ainda está em fase de estudos

Fábio Vieira/Metrópoles

7 de 8

João Doria apresenta a Butanvac

Fábio Vieira/Metrópoles

8 de 8

O Estado de SP atingiu mais de 90% da população adulta imunizada

Fábio Vieira/Metrópoles

Desenvolvimento da ButanVac

Em março de 2021, Doria anunciou o desenvolvimento de uma vacina nacional contra a Covid pelo Butantan. O imunizante, porém, usava parte da tecnologia da Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai, nos Estados Unidos. A descoberta desse fato gerou críticas contra o político e empresário.

O então governador de São Paulo pelo PSDB chegou a afirmar em junho daquele ano que cada dose custaria R$ 10, menos que as vacinas que seriam aplicadas. À época, o Butantan prometeu disponibilizar 40 milhões de doses em três meses, com capacidade de produção que poderia subir para 100 milhões de doses por ano.

Imagem colorida mostra fachada do Instituto Butantan, que tem longa escadaria, dois corrimões e o nome do instituto escrito em placa - metrópoles

Os testes duraram três anos. Houve 400 participantes na segunda fase de ensaios clínicos em humanos, na qual o estudo parou. O instituto justificou que o total de anticorpos medidos em 200 voluntários depois da ButanVac não se equiparou ao dos outros 200 que receberam um imunizante já disponível, que não teve o nome divulgado.

O Butantan informou ter firmado um acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que a eficácia da vacina contra a Covid não poderia ser menor que a das demais já aplicadas – o que não ocorreu. Por isso, os testes terminaram.

“Importante destacar que não há investimento em vão quando se trata de pesquisa deste tipo, pois os recursos aplicados contribuíram para o avanço de processos tecnológico e industriais, permitindo que outros estudos relacionados se beneficiem do conhecimento acumulado”, diz a nota do Butantan enviada à coluna.

Leia a íntegra da nota:

“O Instituto Butantan investiu R$ 61,4 milhões em pesquisas para o desenvolvimento e avaliação clínica da Butanvac, nos estudos fase 1 e fase 2. O valor também inclui ensaios pré-clínicos e produção de lotes piloto. Importante ressaltar, que o desenvolvimento e estudo da Butanvac se deu em meio ao cenário gravíssimo da pandemia da Covid-19.

Durante os ensaios clínicos de fase 2, no entanto, ficou demonstrado que o imunizante não atingiu o desfecho pré-especificado de sucesso, isto é, ficou aquém dos pré-requisitos estabelecidos de produção de anticorpos contra o vírus. De acordo com a pesquisa, a Butanvac dobrou a quantidade de anticorpos contra a doença após 28 dias de sua aplicação, quando a meta esperada era que induzisse uma produção de anticorpos quatro vezes maior, número atingido por vacina já disponível à população. Com isso, o estudo clínico cumpriu seu papel ao responder a pergunta que foi objeto do desenho do estudo fase 2. A vacina candidata não atingiu a imunogenicidade esperada.

Importante destacar que não há investimento em vão quando se trata de pesquisa deste tipo, pois os recursos aplicados contribuíram para o avanço de processos tecnológico e industriais, permitindo que outros estudos relacionados se beneficiem do conhecimento acumulado. O Instituto Butantan segue seu compromisso com a ciência e a saúde da população.”

Adicionar aos favoritos o Link permanente.