MPSP investiga mutirão de cirurgia de catarata que deixou 12 cegos

São Paulo — O Ministério Público de São Paulo (MPSP) instaurou procedimento para investigar o mutirão de cirurgia de catarata que deixou 12 pacientes cegos em Taquaritinga, no interior paulista. As cirurgias foram feitas em outubro do ano passado no Ambulatório de Especialidades Médicas (AME) da cidade.

Nesta terça-feira (11/2), o promotor de Justiça Ilo Wilson Marinho Gonçalves, que está apurando o caso, ouviu a Vigilância Sanitária pela manhã. À tarde será a vez do secretário de Saúde da cidade ser ouvido, informou o MPSP em nota.

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) lamentou o ocorrido. Segundo a pasta, uma investigação foi aberta para apurar o caso.

A Prefeitura de Taquaritinga informou, por meio de nota, que o AME da cidade é gerenciado pela Organização Social de Saúde (OSS) Grupo Santa Casa de Franca.

De acordo com a prefeitura, diante da ocorrência, o Estado, através do Centro de Vigilância Sanitária (CVS) e do Grupo de Vigilância Sanitária (GVS), da Diretoria Regional de Saúde (DRS) III, de Araraquara, realizou visita técnica in loco, junto da Vigilância Sanitária Municipal.

“Nesta visita foram identificadas algumas inadequações na Sala de Materiais e Esterilização do local e, naquele momento, optou-se pela interdição desta sala. As informações que temos trata de que todos os pacientes estão em acompanhamento no serviço de oftalmologia de Araraquara, Santa Casa, tendo sido referenciado para lá pelo próprio AME Taquaritinga”, disse a administração municipal em nota.

OSS prestou esclarecimentos

A OSS Grupo Santa Casa de Franca também se manifestou, lamentando o ocorrido. A organização afirma que tomou conhecimento que, no dia 21 de outubro de 2024, 12 pacientes dos 23 operados de catarata neste dia, apresentaram complicações pós-operatórias em um dos olhos, após a realização da cirurgia.

“Assim, a OSS instaurou uma sindicância interna rigorosa no AME de Taquaritinga para apuração dos fatos – levando uma especialista em córnea para avaliar os casos e fornecer uma segunda opinião médica”, diz a nota enviada pela OSS.

A apuração interna concluiu que houve uma troca no protocolo assistencial, especificamente no preparo cirúrgico. “Esse erro foi restrito exclusivamente ao dia 21 de outubro de 2024, afetando 12 pacientes dos 23 operados neste dia”, diz a nota.

Diante dessa constatação, todos os profissionais diretamente envolvidos foram afastados de suas funções. Além disso, medidas corretivas foram implementadas para reforçar os protocolos de segurança e evitar que situações semelhantes voltem a ocorrer, informou a OSS.


De acordo com a organização, as seguintes medidas foram adotadas:

  • Os pacientes foram encaminhados para unidades de referência em Araraquara e Ribeirão Preto, onde continuam recebendo acompanhamento especializado.
  • Houve fornecimento contínuo de medicação necessária para o tratamento das complicações.
  • Os pacientes afetados foram inseridos na fila de transplante de córnea do Estado.
  • A sindicância solicitou laudos técnicos dos materiais e medicamentos utilizados para verificar possíveis irregularidades, nos quais ficaram constatados que não houve alterações.

Tarcísio estuda pagar indenização

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que estuda pagar indenização aos pacientes que ficaram cegos após as cirurgias de catarata. Segundo o governador, as causas ainda estão sendo investigadas, mas existe a suspeita de que tenha havido alguma contaminação.

“Como as cirurgias foram realizadas no mesmo dia, há indicativo que possa ter havido algum problema, alguma contaminação. O importante agora é apurar o que aconteceu e dar assistência total a essas pessoas. A ideia do Estado é entrar com uma indenização administrativa para essas pessoas e, obviamente, cobrar a responsabilidade da Organização Social”, afirmou Tarcísio durante agenda em Ribeirão Preto no sábado (8/2).

O governador também afirmou que será montada uma comissão de especialistas em oftalmologia no Hospital das Clínicas para o atendimento às vítimas.

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