Trump anuncia tarifas de reciprocidade; países em desenvolvimento serão os mais afetados

 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta quinta-feira (13), a imposição de tarifas de reciprocidade, que irão tarifar a todos os países com a mesma alíquota que são cobradas de exportadores americanos.

A medida foi oficializada após a assinatura de uma ordem executiva que Trump justificou como forma de “equilibrar o campo de jogo”. As novas medidas levarão em conta impostos, subsídios e outras práticas que o presidente considera injustas, além das tarifas cobradas diretamente sobre as exportações.

O presidente afirmou que algumas das novas taxas podem começar a ser cobradas nas próximas semanas e que o governo dará prioridade para analisar a situação dos países com quem os EUA têm os maiores déficits comerciais.

Trump disse que as alíquotas a serem cobradas serão definidas caso a caso e serão calculadas pelo indicado para liderar o Departamento de Comércio, Howard Lutnick, e pelo representante de comércio dos EUA, Jamieson Greer.

Segundo Trump, a falta de reciprocidade é uma das principais causas do “grande e persistente” déficit comercial americano e afirmou que o Escritório de Gestão e Orçamento fará um relatório dentro de 180 dias avaliando os impactos da medida.

O memorando descreve o déficit comercial dos EUA como uma ameaça à segurança nacional, o que pode facilitar a aprovação das tarifas sem a aprovação do Congresso.

“É política dos Estados Unidos reduzir nosso grande e persistente déficit comercial anual de bens e abordar outros aspectos injustos e desequilibrados de nosso comércio com parceiros estrangeiros”, disse a Casa Branca em memorando.

As novas tarifas devem provocar uma onda de negociações entre EUA e países afetados pela medida. Trump disse durante a coletiva, após a assinatura da ordem executiva, que está disposto a negociar acordos bilaterais e que ficaria “feliz” em abaixar tarifas se outros países fizerem o mesmo.

Um dos focos da medida é conter o imposto sobre valor agregado (IVA) da União Europeia (UE), classificado por Trump como uma “prática comercial discriminatória e injusta”. O conselheiro de comércio do governo, Peter Navarro, disse que o imposto “praticamente triplica a taxa tarifária do bloco sobre as exportações americanas”.

Além da UE, Japão, Coreia do Sul e Índia foram citados como países que estão se beneficiando do atual sistema comercial americano e podem estar entre os primeiros países afetados pela medida.

A medida pode afetar mais duramente os países em desenvolvimento, como Brasil, Vietnã e outras nações emergentes do Sudeste Asiático e da África. No Brasil, a tarifa média de importação sobre produtos americanos é de 12% a 13%, segundo a agência “AFP”, enquanto a média dos EUA para os itens brasileiros é de 3%.

Antes da publicação do memorando, a “Fox News” disse que o texto citava nominalmente o Brasil e o etanol, porém o documento enviado para a imprensa pela Casa Branca não cita o país. Em 2023, o Brasil voltou a cobrar uma taxa de 18% sobre todas as importações de etanol, medida que pode ser retaliada pelos EUA.

A decisão de Trump acontece após ele impor tarifas de 10% a todos os produtos da China e aumentar para 25% as tarifas cobradas sobre todas as importações de aço e alumínio. O presidente americano chegou ameaçar a taxação de 25% sobre todos os produtos do México e Canadá, porém recuou da decisão após os países prometerem aumentar o controle de fronteira para conter a entrada de imigrantes nos EUA.

Fonte: Valor Econômico

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