Vídeo flagra policial dando murros em na cabeça de gerente de bar

Sem sinais de ameaça, desacato ou ofensas, um policial militar esbofeteou o gerente de um bar durante uma abordagem, na Estrutural, por volta das, 23h50, na terça-feira de Carnaval (4/3). Os policiais militares subiam pela avenida ordenando o fechamento dos estabelecimentos. Enquanto cumpria o comando, o homem foi agredido com o tabefe.

Câmeras de segurança gravaram o golpe. Por problemas técnicos, o registro da data ficou errado. No entanto, as lentes conseguiram captar toda a movimentação do episódio.

Veja:

O Metrópoles conversou com o homem agredido. Por questão de segurança, a identidade dele será mantida em sigilo.

Ao ver os policiais com armas e gás ordenando o fechamento dos estabelecimentos, o gerente fechou o bar. “Um policial falou: ‘Olha, é para você fechar’. Falou tranquilo”, lembrou. Em outro ponto da vizinhança, policiais teria atirado balas de borracha e gás de pimenta para dispersar foliões. Por isso, algumas pessoas buscaram refúgio no bar.

“Eu estava tentando tirar o pessoal. Estavam com medo. Mas começaram a sair. Eram 10 pessoas no máximo”, contou.

Volta na rua

Os policiais militares voltaram a ordenar o fechamento. Segundo o gerente, o bar tinha três portas fechadas, estava tudo trancado, só faltava uma. Ela estava aberta para o pessoal sair. Os policiais deram uma volta na rua e voltaram.

“Ele voltou com uma brutalidade enorme e xingando. ‘Bora filho da p*t*! Não mandei fechar? Bora fecha logo’. Me xingou de tudo o quanto é jeito. Em momento nenhum retruquei”, relatou.

O gerente esperava a saída dos funcionários para concluir o fechamento. “Aí apenas olhei para frente. Ele deu três passos para trás e voltou. Não sei foi um tapa ou muro. A pancada foi tão forte. Acertou meu rosto e orelha”, disse.

Atordoado, o comerciante bateu com a cabeça na porta aberta. “Eu não entendi. Em momento nenhum eu retruquei, respondi. Eu sempre disse que ia fechar. Eu não estou ouvindo bem do lado que ele bateu”, comentou.

Testemunhas ficaram em choque e revoltadas. Algumas chegaram a criticar a atitude do policial. O gerente registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil (PCDF) e apresentou denúncia na Câmara Legislativa (CLDF) e na Corregedoria da Polícia Militar (PMDF).

Atira e depois pergunta.

Segundo o gerente, parte dos policiais militares responsáveis pela segurança na Estrutural não respeita a população. “Não são todos os policiais, mas já vi policial batendo em pessoas de bem. Nunca desrespeitei policiais. Acho uma profissão muito bonita. Mas aqui não dá para confiar na polícia”, afirmou.

Do ponto de vista dele, o tratamento da PMDF na Estrutural é bem diferente do adotado em áreas nobres de Brasília. “A forma de falar é diferente. No Plano, chegam com mais educação. Aqui já vi trabalhador sendo abordado e ouvindo do policial: ‘Bora vagabundo, bota mão na cabeça’. Acontece muito. Mas a polícia aqui não quer saber quem é trabalhador e quem está errado. Só atira e depois pergunta”, desabafou.

“Não quero generalizar, mas aqui na Estrutural, a polícia não está para servir e proteger. Aqui, se a polícia passou na rua desperta medo. Você ser o cara mais honesto do mundo, mas você fica com medo. Aqui, falou de polícia lembra de gás de borracha e gás de pimenta. Isso tem que mudar. A gente precisa se sentir seguro com a polícia”, pontuou.

Investigação

Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da CLDF, o deputado distrital Fábio Felix (PSol), as imagens do comerciante sendo agredido são muito graves e exigem uma investigação rigorosa da conduta desses policiais.

“A sociedade espera que a polícia atue de forma a resguardar a segurança das pessoas, não com violência e uso excessivo da força. A Comissão de Direitos Humanos acompanha o caso e presta a assistência necessária à vítima dessa abordagem”, afirmou.

Entre janeiro de 2020 e 13 de março de 2025, a CDH recebeu 224 denúncias de supostos casos de violência policial.

Denúncias de Violência Policial

2020 – 11 casos
2021 -28 casos
2022- 40 casos
2023- 75 casos
2024 -52 casos
2025 – 18 casos até 13/03/2025

PMDF

Em nota, a Polícia Militar informou que a corporação instaurou procedimento administrativo para apurar os fatos. “A PMDF reitera que não coaduna com desvios de conduta dos seus integrantes”, afiançou.

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