A terceira fase da Operação Overclean, deflagrada nesta quinta-feira (3/4) pela Polícia Federal (PF), segue desmontando o esquema bilionário de fraudes em licitações e desvio de emendas parlamentares. Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão, os investigadores apreenderam R$ 56 mil em espécie na casa de Alex Rezende Parente, empresário do setor de obras e um dos principais articuladores do esquema.
Fontes ouvidas pela coluna afirmam que o montante seria parte de uma “mesada” de R$ 70 mil recebida regularmente por Parente, repassada por pessoas hierarquicamente superiores a ele dentro da organização criminosa.
Além disso, dólares, euros, joias e relógios de alto valor foram encontrados em um cofre na casa de Bruno Barral, secretário de Educação de Belo Horizonte afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A Polícia Federal ainda está contabilizando a quantia apreendida.
Outro alvo da operação foi o empresário José Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo” pela atuação no setor de limpeza urbana da Bahia. Os agentes da PF estiveram em sua residência no bairro do Comércio, em Salvador. Moura já havia sido alvo de buscas em fases anteriores da Overclean.
Esquema bilionário
A Polícia Federal estima que o esquema, que envolve corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitações, peculato e obstrução de justiça, tenha movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão por meio de contratos superfaturados e repasses fraudulentos de emendas parlamentares.
O principal foco da organização seria o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), especialmente a Coordenadoria Estadual da Bahia (CEST-BA).
A empreiteira Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda, pertencente aos irmãos Alex e Fábio Rezende Parente, é apontada como uma das beneficiárias do esquema. Entre 2021 e 2024, a empresa faturou mais de R$ 67 milhões em contratos com o DNOCS, obtidos por meio de licitações sob suspeita de direcionamento e manipulação.