O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) está marcado para morrer pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Morrer, no caso, significa ter seu mandato cassado.
Em abril de 2024, um militante do Movimento Brasil Livre, de direita, xingou Glauber dentro da Câmara e disse que sua mãe era corrupta. Os dois se empurraram. Glauber deu-lhe um pontapé.
O Partido Novo, também de direita, representou contra Glauber no Conselho de Ética da Câmara. E ali foi aberto um processo contra ele. Daria em nada, não fosse Glauber um desafeto de Lira.
Glauber virou desafeto de Lira por fazer denúncias sobre o chamado ‘orçamento secreto’. Chegou a chamar o então presidente da Câmara de “bandido”. Os dois bateram boca e Lira o ameaçou:
“Por favor, quando Vossa Excelência usar o plenário, use sempre com respeito. Vergonha eu tenho de dizer que Vossa Excelência faz parte desse colegiado. E se puder não ter a sua companhia na próxima legislatura, eu ficarei mais feliz”.
Lira está por trás da iniciativa do Partido Novo de representar contra Glauber. Foi Lira quem escolheu o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) para relatar o processo contra Glauber.
Há 24 anos, Magalhães agrediu com um pontapé um jornalista que denunciou em livro o tio do parlamentar, o ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, e não foi punido pela Câmara.
O deputado Chiquinho Brazão (sem partido), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), está preso desde março do ano passado.
Recolhido ao presídio federal de Campo Grande (MS), Brazão já custou aos cofres públicos até agora quase 2 milhões de reais. É considerado um deputado impedido de exercer suas funções.
Lira deixou a presidência da Câmara sem pautar a perda do mandato de Brazão. Ontem, o Conselho de Ética aprovou o parecer de Magalhães favorável à cassação do mandato de Glauber.
Em breve, o parecer será votado pelo plenário. Se 257 de um total de 513 deputados o aprovarem, Glauber perderá o mandato. Glauber está em greve de fome. Passou a noite dentro da Câmara.
Hugo Mota (Republicanos-PB), que sucedeu Lira na presidência da Câmara, recusou-se a atender telefonemas de deputados que tentaram intervir a favor de Glauber.
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