São Paulo — O plano do governo do estado de São Paulo para remoção da Favela do Moinho, no centro da capital paulista, deve entrar em uma nova etapa nos próximos dias com o início do reassentamento dos moradores.
A favela está prevista para dar espaço ao Parque do Moinho, anunciado em setembro de 2024 pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). Para isso, desde o início do ano, o governo tem se reunido com os moradores firmado acordos habitacionais por meio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).
Segundo a autarquia, 86% das famílias da comunidade aderiram ao programa, sendo que 441 já possuem um novo endereço e se preparam para deixar a área em breve. O acordo inclui um auxílio de R$ 2.400 para a mudança e um auxílio moradia mensal de R$ 800.
A Associação de Moradores da Favela do Moinho, contudo, aponta que os valores não são o suficiente para garantir que os moradores permaneçam no centro de São Paulo e critica a política de remoção. Além da questão do valor pago, o tamanho das habitações também é apontado como um problema por não atender ao perfil das famílias.
“A questão é que eles estão oferecendo kitnets para pagar em 30 anos, é um subsídio de 20% do salário. A maioria das famílias aqui são grandes e eles falam que as famílias aceitam, estão coagindo as famílias para aceitar essa proposta deles (…)”, diz um áudio que circula entre os moradores, divulgado pela Associação.
“A CDHU começou a chamar os moradores lá no escritório que eles montaram ali na Barão de Limeira, com as propostas muito ruins, ameaçando os moradores, falando que eles tinham até aquela semana para decidir qual é o apartamento para escolher, e atropelando todas as negociações que a gente estava fazendo. E ameaçando, porque se eles não aceitassem esse atendimento, eles poderiam ficar sem nenhum atendimento, o que é mentira.”
Com a informação de que as remoções iniciariam nesta terça-feira (15/4), a associação agendou uma manifestação para às 16h. No último sábado (12), eles já haviam se reunido em assembleia para discutir o assunto.
A CDHU nega que os acordos estejam sendo feitos de forma arbitrária e argumenta que a remoção acontece porque o local apresenta risco aos moradores devido às instalações insalubres e com potencial perigo pela precariedade de construções e ligações elétricas.
Favela do Moinho
A favela do Moinho é a única favela remanescente no centro da cidade de São Paulo. Ela fica próxima à região onde o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) pretende instalar a nova sede administrativa do governo. O lugar também já foi apontado como base do Primeiro Comando da Capital (PCC) para o controle da Cracolândia.
Existe uma demanda antiga de melhoria nas condições de vida da população, que vive entre duas linhas da CPTM e enfrenta a ausência de saneamento básico.
Nos últimos anos, a comunidade foi vítima de pelo menos dois grandes incêndios – o maior deles, em 2011, deixou duas pessoas mortas e dezenas de famílias desabrigadas. A comunidade também é alvo frequente de operações policiais.