A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, nesta terça-feira (15/4), mais uma fase da Operação Black Magic e prendeu o pai de santo Alex Silva, auxiliar direto de Hayra Vitória Pereira Nunes, conhecida como Mãe Hayra. Ambos são acusados de liderar uma rede de abusos e torturas contra jovens vulneráveis dentro de um terreiro localizado no Setor Leste do Gama.O caso foi revelado em primeira mão pela coluna.
A prisão de Alex ocorre após a revelação de um novo vídeo entregue à coluna, que mostra o religioso agredindo brutalmente um jovem não identificado com pedaços de madeira. No registro, a vítima aparece caída ao chão em um espaço coberto de sangue.
O vídeo reforça os relatos colhidos pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama), responsável pela investigação, sobre a rotina de violência imposta dentro do terreiro. Uma das vítimas contou à polícia que Alex ordenou que uma menina queimasse as mãos e a língua como forma de punição, uma prática que seria comum no espaço como forma de controle e submissão.div style=”position: relative; overflow: hidden; padding-bottom: 56.25%;”>
Alex Silva era tido como braço direito de Mãe Hayra e participou ativamente das atividades espirituais da casa. Após a prisão da líder espiritual, ele tentou se distanciar dos crimes, alegando desconhecimento das torturas.
Investigação
As investigações começaram no fim de janeiro, quando uma adolescente trans de 17 anos conseguiu fugir do terreiro e procurou o pai. Ela apresentava queimaduras de terceiro grau nas mãos e na língua, hematomas na cabeça e o cabelo cortado à força.
A jovem relatou que procurou o local em busca de apoio espiritual durante sua transição de gênero, mas acabou em um regime de isolamento, sem acesso ao mundo exterior, sendo submetida a agressões físicas, humilhações e abusos constantes.
A apuração conduzida pela PCDF revelou que o caso não é isolado. Outras vítimas relataram episódios de tortura, exploração sexual e trabalho forçado, principalmente contra aqueles que eram considerados “desobedientes”. As denúncias apontam ainda que os acusados utilizavam práticas supostamente espirituais como forma de coação e manipulação psicológica.
Com a prisão de Alex Silva, a PCDF pretende esclarecer a extensão de sua participação na rede criminosa e identificar novas vítimas. O canal de denúncias 197 segue disponível para receber informações que possam colaborar com as investigações.