A Ucrânia e os Estados Unidos assinaram, nesta quarta-feira (30/4), em Washington, um acordo estratégico que marca uma nova fase na relação bilateral entre os países. O pacto prevê a criação de um fundo conjunto para a exploração de minerais críticos, como lítio, titânio, grafite e urânio, visando fortalecer a economia ucraniana e reduzir a dependência ocidental da China no fornecimento desses insumos.
O fundo será liderado por Washington, com participação de empresas americanas em operações de extração e processamento em território ucraniano. Parte dos lucros será reinvestida em infraestrutura local, e o governo dos Estados Unidos assegura que os recursos não serão utilizados para compensar a ajuda militar já prestada à Ucrânia, desde o início da guerra com a Rússia, em 2022.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, declarou que o acordo viabilizará investimentos voltados a impulsionar a economia da Ucrânia.
“Essa parceria permite que os Estados Unidos invistam ao lado da Ucrânia, desbloqueiem os ativos de crescimento do país, mobilizem talento, capital e padrões de governança americanos que irão melhorar o ambiente de investimentos na Ucrânia e acelerar a recuperação econômica do país”.
Bate-boca na Casa branca
- Ucrânia e Estados Unidos tentam concretizar o acordo sobre recursos naturais desde janeiro, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, retornou à Casa Branca.
- Na época, a expectativa era que o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, fechasse o acordo durante viagem a Washington em fevereiro, porém um bate-boca com Trump no Salão Oval mudou o rumo da conversa.
- Zelensky questionou Trump sobre as garantias de segurança, mas, inicialmente, o norte-americano se recusou a oferecê-las à Ucrânia.
- Durante um longo período, Volodymyr seguiu firme na retórica de que não pretendia “vender seu país” aos EUA.
- Diante da discussão, a concretização da assinatura ficou suspensa. O ucraniano deixou Washington sem assinar o acordo de exploração de minerais ucranianos com Trump.
- Em outra ocasião, Donald Trump indicou de US$ 350 a US$ 500 bilhões para ter acesso aos recursos naturais. Zelensky, porém, rejeitou a ideia.
Resposta à guerra
O governo norte-americano, por sua vez, considera o pacto uma resposta econômica à guerra e uma oportunidade de consolidar uma aliança de longo prazo com Kiev. A medida também visa fortalecer a posição dos EUA em um mercado dominado atualmente pela China, que concentra boa parte da produção global de minerais raros.
Apesar da assinatura, desafios permanecem. Estima-se que cerca de 280 bilhões de libras em recursos minerais estejam localizados em regiões da Ucrânia atualmente sob ocupação russa, o que pode atrasar a exploração plena dos depósitos. Ainda assim, as autoridades preveem que o fundo comece a operar ainda este ano, com foco inicial em áreas seguras e controladas pelo governo ucraniano.
A ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, confirmou que o acordo foi assinado em Washington
“Graças à liderança e aos acordos entre o Presidente Volodymyr Zelenskyy e o presidente Donald Trump, o Secretário do Tesouro Scott Bessant e eu assinamos o acordo entre a Ucrânia e os Estados Unidos para estabelecer o Fundo de Investimento para a Reconstrução Estados Unidos-Ucrânia. Agradeço a todos que contribuíram para este acordo e ajudaram a fortalecê-lo. Este documento é capaz de trazer sucesso para ambos os nossos países — Ucrânia e Estados Unidos. Deus abençoe a Ucrânia e Deus abençoe os Estados Unidos da América“, declarou.