A Gol, uma das três principais companhias aéreas do Brasil, anunciou nesta quinta-feira (1º/5) que chegou a um acordo com credores para obter um financiamento e conseguir sair da recuperação judicial nos Estados Unidos.
Segundo um comunicado da Gol ao mercado, um grupo de credores se comprometeu a adquirir US$ 125 milhões em “notas de financiamento de saída” da empresa.
Esses títulos farão parte do montante de US$ 1,9 bilhão previsto para a saída da companhia aérea do processo de recuperação judicial nos EUA, o “Chapter 11” – mecanismo jurídico nos EUA que permite a reorganização de dívidas de empresas em dificuldades financeiras.
O acordo preliminar entre a Gol e os credores foi informado por meio de um documento encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tornado público nesta quinta no site do órgão.
O grupo de credores que firmou o acordo com a Gol detém 8% das notas com vencimento em 2026. Com a garantia dos US$ 125 milhões, a empresa já assegurou pelo menos US$ 1,375 bilhão em financiamento para sair da recuperação judicial nos EUA.
Ainda de acordo com a Gol, a ideia é apresentar, já nas próximas semanas, uma versão atualizada do plano de reestruturação financeira entregue ao Tribunal de Falências dos EUA. A expectativa é que todo o processo seja concluído até junho.
Fusão Gol-Azul
A Gol está negociando uma possível fusão com a Azul. Em janeiro, as companhias anunciaram um acordo para o início das tratativas.
Além da conclusão da recuperação judicial da Gol nos EUA, a fusão precisará ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Estimativas apontam que a empresa resultante da eventual fusão responderia por cerca de 60% do mercado de aviação comercial do Brasil e teria o controle de quase 100 rotas em todo o país, praticamente sem concorrência – o que suscita questionamentos acerca da formação de um duopólio, quando apenas duas empresas possuem quase todo o mercado.
Juntas, as duas companhias contam com mais de 300 aeronaves e tiveram um faturamento de R$ 25,3 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado.
De acordo com o memorando de entendimento entre Azul e Gol, a futura companhia seguirá o modelo de “corporation” – empresa sem controlador definido, tendo o grupo Abra como maior acionista. Ainda não há definição sobre os percentuais de participação de cada empresa no negócio.
A ideia é a de que as marcas Azul e Gol continuem a existir de forma independente, mas as empresas compartilhem aeronaves. A fusão envolverá apenas ativos já disponíveis, sem previsão de novos investimentos.
A aposta das duas empresas é na “complementaridade” de suas malhas aéreas. Enquanto a Gol se concentra em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a Azul conta com um leque mais amplo pelo país.